A luta da Academia Adventista Burton, de Fort Worth, Texas, ajuda a Academia Beren, de Houston, a jogar
Mais de uma década de persistência obstinada por uma escola adventista do sétimo dia de primeiro grau nos Estados Unidos, em Fort Worth, Texas, pode ter ajudado outra escola paroquial--desta vez uma instituição judaica ortodoxa--a conquistar uma mudança de datas de partidas num torneio para evitar que ocorresse no sábado bíblico, que tanto judeus quanto adventistas observam.
Diante de uma ação federal apresentada por três pais e três estudantes da escola Houston, a Associação Texana de Escolas Particulares e Paroquiais (TAPPS) disse que vai ceder e remarcar um jogo semifinal fora das horas do sábado. Isso permitiria que os alunos da Academia M. Robert Beren, uma escola judaica ortodoxa, participe da competição. O processo judicial, que incluiu o Distrito Escolar Independente Mansfield (do Texas), responsável por sediar a competição, alegou discriminação religiosa por parte do réu, o que é proibido pelas leis de direitos civis.
Annise Parker, prefeita de Houston, e John Cornyn, senador dos Estados Unidos, estiveram entre aqueles que apelaram à TAPPS para estabelecer uma acomodação, segundo indicado pela imprensa.
"Diferentemente de muitas pessoas, a TAPPS segue a lei, e vamos respeitar a lei", declarou o diretor-executivo Edd Burleson da TAPPS ao jornal 'Houston Chronicle', que estava entre vários meios de comunicação nacionais que cobriram a história, juntamente com a rede o site da rede de TV ESPN e o jornal 'The New York Times'.
A questão do sábado já havia sido enfrentada antes por Burleson, começando em 2001. Foi quando a Academia Adventista Burton, localizada em Arlington, Texas, um subúrbio de Fort Worth, tinha "um time de basquete muito bom", lembrou Kevin Klein, diretor de esportes da escola.
Mesmo com a equipe de Burton tendo uma temporada de muito êxito, havendo obtido um acordo com outras escolas programadas para jogos nesse ano, a TAPPS estava categórica: regras eram regras, e se o time de Burton não jogasse, isso seria considerado abandono de partida. A escola manteve sua postura, que deve ter decepcionado os alunos.
O mesmo aconteceu em 2004, ele acrescentou. A escola teve um grande ano, chegou às etapas finais, mas os seus sonhos foram desfeitos pela TAPPS, apesar do apoio da comunidade e da mídia local.
"Os meninos merecem o que ganharam", Klein explicou numa entrevista por telefone para a 'Adventist Review'. "Se eles conquistaram a chance de jogar para um campeonato estadual, deixem-nos jogar".
Na temporada de outono em 2010, no entanto, houve uma brecha no muro da TAPPS: se A Academia Adventista Burton pagasse por um local alternativo para a partida final de futebol previamente agendada para o sábado, a TAPPS faria as acomodações necessárias. A escola aceitou, mas a equipe perdeu nas semifinais.
Mas Klein e a escola viram isso como uma vitória: ocorrera enfim uma abertura para os observadores do sábado competirem com outras escolas particulares e paroquiais, mantendo-se fiel a suas crenças. Uma situação semelhante aconteceu em 2011 com a equipe de basquete de Burton: a escola fez arranjos para cobrir as despesas de nova data, mas perdeu uma partida semifinal.
Ainda assim, a crescente conscientização dos estudantes de Burton, agora ligada à atenção nacional para o caso da Academia de Beren, pode levar a uma mudança real da parte da liderança da TAPPS.
"O fato de nossa equipe ter essa oportunidade foi uma parte fundamental disso", comentou Klein antes de sair para assistir ao jogo de equipe Beren numa partida antes do sábado. "Estou emocionado de que isso aconteceu".
O treinador do time da Beren, Chris Cole, concordou, falando à ESPN.com: "Tudo quanto pedíamos era por uma chance, e a obtivemos".