O segundo dia do Concílio Anual é preâmbulo para a eleição do próximo ano com votação a ordenação de mulheres

O segundo dia do Concílio Anual é preâmbulo para a eleição do próximo ano com votação a ordenação de mulheres

Discutido abertamente tema tabu: alguns não serão reeleitos

Os líderes da Igreja Adventista do Sétimo Dia passaram o segundo dia do Concílio Anual abordando duas questões importantes relacionadas com a Assembleia da Associação Geral do próximo ano—a reeleição dos próprios administradores e um voto potencial sobre a teologia da ordenação no que se refere a gênero.
 
Em termos inequívocos, representantes da Igreja prepararam os mais de 330 delegados para enfrentar a realidade de poderem não ser solicitados a retornar ao seu posto atual. Além disso, Mark Finley, veterano evangelista, que é um assistente do presidente, destacou a forma como os líderes da Igreja no Novo Testamento resolviam suas diferenças para se concentrar em missão.
 
A apresentação de Finley foi um preâmbulo para a próxima semana, quando se espera que os delegados discutam a questão da ordenação de mulheres e a definam como um item da agenda para a Assembleia da Associação Geral. Embora a Igreja Adventista tenha mulheres atuando como pastoras licenciadas, a Igreja atualmente ordena só homens como ministros.
 
A denominação se empenhou num estudo de dois anos sobre a teologia da ordenação seguindo, pelo menos, quatro décadas de discussão, disse Finley. A reunião de sete dias desta semana da Comissão Executiva poderia ser a última vez que o assunto é oficialmente deliberado antes de serem enviados potencialmente para a Assembleia da Associação Geral em julho próximo, o que se realiza a cada cinco anos e é o órgão superior de governo da denominação.
 
A reunião desta manhã começou com um mergulho profundo na questão das eleições, um “assunto tabu” que não é normalmente discutido abertamente, disseram os dirigentes.
 
O vice-presidente Pardon Mwansa ofereceu um devocional intitulado “A Comissão de Indicação decidiu fazer uma mudança”. Sua palestra foi uma referência ao próximo mês de julho, quando muitos no auditório poderiam ver o seu posto atual atribuído a outra pessoa.
 
Invocando lições dos personagens do Antigo Testamento, Daniel e Samuel, Mwansa disse que uma pessoa eleita para um cargo substituiu alguém, o que também lhes aconteceria. “Somos chamados a servir e ministrar e não a um escritório ou a uma posição”, disse Mwansa.
 
Diversas autoridades da Igreja de várias partes do mundo ofereceram estudos de caso sobre como se preparar para uma mudança na liderança, ou em algumas situações, como fazer uma mudança necessária numa unidade administrativa no seu território. Vários delegados disseram que uma mudança na liderança pode ajudar tanto a Igreja como enviar um sinal para a pessoa que está tendo atribuição de outra posição.
 
“A mudança traz inovação. Mudar garante que mantemos o foco, e poderíamos voltar atrás se não mudamos”, disse Maria Fraser, leiga da União Associação do Sul da África. “Haverá pontos fracos em todos, mas o segredo é a equipe ter uma sinergia de todos os seus atributos e energias para que possamos ter o melhor para a Igreja”.
 
Don Livsay, presidente da União Associação dos Lagos na Divisão Norte-Americana, pediu a seus colegas na sala para se submeterem a avaliações periódicas.
 
“Nós, administradores, geralmente preferimos enfrentar um tratamento dentário de canal do que ser avaliados. Assim, não sabemos onde estamos acertando e onde estamos errando”, disse Livsay.
 
Livsay também sugeriu que as avaliações fossem formalizadas por toda a denominação, o que aumentaria a responsabilidade e equilíbrio na liderança e vida pessoal de um administrador.
 
“Se a nossa vida se desmorona porque não fomos reeleitos, nos verificamos não ser reeleitos”, disse ele.
 
Por fim, o secretário GT Ng instou os delegados, que incluíam oficiais das 13 Divisões e presidentes de cada um das 132 Uniões, a encarar o seu trabalho como um de mordomia.
 
“Se for eleito para a mesma posição, então você vai se tornar um mordomo dessa nova posição”.
 
No final da manhã, Finley assumiu a plataforma para um discurso de quase uma hora de duração intitulado “Rumo à unidade do corpo de Cristo”.
 
O conhecido evangelista abordou como os líderes de ambos os lados da discussão de ordenação das mulheres reagiriam se um voto potencial na Assembleia da AG no próximo ano, fosse diferente do que constitui suas próprias convicções.
 
Finley disse que a questão ia além da ordenação de mulheres e tinha implicações na forma como a Igreja elabora pontos de desacordo. Ele passou a maior parte de seu tempo enfocando três incidentes no livro de Atos, que ameaçavam a unidade da Igreja primitiva. “A dissensão lhe detém na missão. Essa é a estratégia do diabo”, assegurou.
 
Os padrões do Novo Testamento para a resolução de diferenças, Finley acentuou, incluíam oração, busca por respostas bíblicas, discussão das questões, considerando-se o que seria melhor para a missão da Igreja e, finalmente, tomada de decisão conjunta sobre a questão.
 
Em certo ponto, ele parou para oferecer seus pensamentos sobre a necessidade de o processo avançar. “Posso fazer uma humilde sugestão? Quando se estudou um problema por 40 anos e se discutiu e se debateu e se argumentou isso, bem logo as pessoas formaram suas opiniões em ambos os lados da questão. A discussão e debate contínuos só promovem divisão”.
 
Finley disse esperar que a Igreja Adventista, como a igreja primitiva, aprenda a viver com uma decisão sobre questão importante, porque as pessoas em ambos os lados do debate  ”estavam comprometidas com o mesmo Jesus”.
 
“Qualquer decisão que por fim se faça sobre a ordenação de mulheres, e oro para que esta Igreja tome a decisão certa, seja qual for a decisão que, finalmente, se adote, minha oração é que nada a não ser a missão unificada e profética de Deus seja o enfoque central de nossas vidas”, disse Finley.
 
Os delegados tiveram a tarde livre, e o Concílio Anual continua esta noite com a primeira etapa do Concílio Sobre Evangelismo e Testemunho.