Os líderes de liberdade religiosa da Igreja Adventista do Sétimo Dia enfatizaram a necessidade urgente de defender e promover a liberdade religiosa, especialmente para aqueles que enfrentam perseguição. O apelo foi feito durante a Cúpula de Liberdade Religiosa da União Jamaicana, realizada em Kingston, Jamaica, em 30 de janeiro de 2025.
O Dr. Nelu Burcea, diretor associado de Relações Públicas e Liberdade Religiosa da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, alertou os participantes de que o tempo de complacência já passou.
“Não podemos ignorar o sofrimento de milhões de pessoas ao redor do mundo que são perseguidas simplesmente por sua fé. O direito à liberdade de pensamento, consciência e religião não é negociável. É um direito humano fundamental que deve ser defendido por todos, sem exceção”, declarou Burcea.
O evento reuniu líderes do governo, representantes de instituições religiosas, setores público e privado, a mídia e profissionais do meio jurídico sob o tema “Promovendo a Unidade: Respeitando Crenças”.
Como palestrante principal, Burcea incentivou todos os setores da sociedade a protegerem a liberdade religiosa, seja por meio da defesa política, do engajamento social ou do apoio a organizações dedicadas a essa causa.
A Crescente Ameaça à Liberdade Religiosa
Ao destacar os riscos crescentes, Burcea explicou que “os ataques violentos contra a liberdade religiosa se manifestam de diversas formas, incluindo discursos de ódio, intolerância, discriminação, desigualdade de oportunidades, estereótipos e violência direta. Essas injustiças afetam não apenas indivíduos, mas comunidades e nações inteiras.”
Ele ressaltou que as minorias religiosas ao redor do mundo enfrentam ameaças cada vez maiores, especialmente em regiões onde são superadas em número.
“Em alguns casos, esses grupos tornam-se alvos de operações militares, conversões forçadas, destruição de locais religiosos e outras formas de perseguição. Sejam cristãos, muçulmanos, hindus, judeus, budistas ou membros de outras religiões, as minorias religiosas frequentemente enfrentam restrições a seus direitos e liberdades”, afirmou Burcea.

Nacionalismo Religioso, Marginalização de Minorias e Secularismo
Burcea também alertou sobre o crescimento do nacionalismo religioso, que incentiva a exclusão e a hostilidade contra pessoas de diferentes crenças.
“Os governos podem implementar leis ou promover práticas que favorecem uma religião em detrimento de outras, enfraquecendo as tradições pluralistas de muitas sociedades”, explicou.
Além disso, ele argumentou que essa marginalização frequentemente vai além dos preconceitos sociais, resultando em políticas nacionais discriminatórias contra grupos minoritários, privando-os da proteção ou da liberdade de praticar sua fé abertamente.
“O avanço do nacionalismo religioso não apenas ameaça a estabilidade das sociedades, mas também coloca em risco os ideais de democracia, dignidade humana e liberdade sobre os quais o mundo moderno foi construído”, afirmou Burcea.
Burcea também abordou preocupações sobre a influência crescente do secularismo.
“Embora o laicismo tenha como objetivo proteger as liberdades, ele pode criar um ambiente onde a expressão religiosa é restringida, desafiando o direito fundamental à liberdade religiosa”, explicou, citando proibições ao uso de vestimentas religiosas e restrições a cerimônias religiosas em espaços públicos.

Discurso de Ódio e Violações dos Direitos Humanos
A disseminação de discursos de ódio, especialmente por meio das redes sociais, tem agravado os níveis de intolerância religiosa.
“A falta de proteções legais eficazes contra o discurso de ódio alimenta a discriminação e a violência”, afirmou Burcea. Ele alertou que a intolerância religiosa pode levar à discriminação e, em casos extremos, incitar à violência.
“As representações negativas dos grupos religiosos reforçam a divisão e a marginalização”, destacou, acrescentando que esse tipo de retórica pode evoluir para perseguição direta.
Regimes Autoritários, Pena de Morte e Perseguição Religiosa
Sob regimes autoritários, a liberdade religiosa é frequentemente suprimida como forma de manter o controle. “Qualquer expressão de fé que não esteja alinhada com a ideologia do Estado é vista como uma ameaça”, explicou Burcea. “Grupos religiosos que se opõem às políticas governamentais podem ser presos, torturados ou até mesmo executados.”
Em alguns países, a pena de morte tem sido usada como ferramenta de repressão contra crenças religiosas.
“Pessoas já foram condenadas à morte por apostasia, blasfêmia ou outros crimes religiosos. Isso representa uma grave violação dos direitos humanos e exige uma condenação global”, declarou Burcea.

Curiosamente, Burcea destacou que a perseguição religiosa tem consequências significativas para a economia e a sociedade.
“As minorias religiosas frequentemente enfrentam barreiras no acesso à educação, ao emprego e à saúde, aprofundando sua marginalização. A exclusão econômica perpetua ciclos de pobreza e instabilidade social, dificultando o progresso e a prosperidade dessas comunidades”, explicou.
Construindo um Futuro de Tolerância Religiosa
Como conclusão, Burcea reforçou seu apelo para que todos se unam em defesa da liberdade religiosa.
“A verdadeira paz e estabilidade não surgem da eliminação das diferenças, mas do reconhecimento da dignidade e dos direitos de cada indivíduo. As sociedades precisam trabalhar para criar ambientes onde as pessoas possam praticar sua fé livremente, expressar suas crenças abertamente e viver sem medo da perseguição. Somente por meio da tolerância, do entendimento e do respeito mútuo poderemos garantir a liberdade religiosa para todos”, declarou.
A versão original deste artigo foi publicada no site da Divisão Interamericana.