“Há alguém entre vocês que chegou a este evento em busca de um grande amor?” perguntou a neurocientista Rosana Alves à multidão que participava da sessão matinal na Convenção de Jovens Maranata da Divisão Sul-Americana em Brasília, Brasil, em 30 de maio de 2024. “Hoje vamos discutir como ter melhores relacionamentos”, acrescentou ela.
Alves, que por décadas pesquisou temas relacionados ao cérebro humano e à psicologia, utilizou a história bíblica da primeira tentação de Jesus para ajudar os jovens adventistas a entenderem com o que estão lidando e o que fazer a respeito.
“Satanás sempre aproveitará ao máximo nossas fraquezas… aqueles de nós que possuem alguma fraqueza emocional… aqueles de nós que nasceram com uma vulnerabilidade genética ou instabilidade… depressão, ansiedade, transtorno bipolar,” disse Alves. “Ele tentará convencer meninas abusadas a aceitar qualquer tipo de ‘amor’ ou a se fecharem para uma vida de interações afetivas positivas e significativas.”
Uma Luta Por Identidade
De acordo com Alves, Satanás não quer que você saiba que você tem um Deus que cuida de você mesmo em meio às suas fraquezas. “Assim como ele fez com Jesus, seu objetivo é roubar nossa identidade”, disse ela. “Mas nossa identidade vem do céu, nossa genética vem de Deus. Nunca se esqueça disso.”
Alves enfatizou algumas maneiras pelas quais Satanás deseja destruir nossa identidade. Ela citou os últimos estudos científicos que mostram evidências de que qualquer quantidade de álcool é prejudicial e que não existe algo como 'beber socialmente'. Ela também citou estudos que mostram como o sexo pré-marital aumenta significativamente problemas físicos e emocionais futuros, incluindo ideação suicida.
A razão para os ataques de Satanás é clara. “Ele perdeu sua identidade celestial e agora está com ciúmes de todos vocês”, ela disse. “Mas se nos apegarmos à identidade que Deus tem para nós, temos a certeza, a garantia de uma vida feliz e abundante.”
Refletindo novamente sobre a primeira tentação de Jesus no deserto, Alves convocou os jovens adventistas a escolherem os caminhos de Deus em vez das ofertas de Satanás. “Você precisa tomar a decisão se aceitará as pedras que Satanás está oferecendo agora ou esperará pelo banquete que Deus preparou para você”, disse Alves.
Um Jovem Confuso
Pesquisas recentes revelaram que a maioria dos jovens brasileiros valoriza a ciência e deseja que o governo invista nela, mas ao mesmo tempo eles não conseguem nomear sequer um cientista brasileiro, conforme relatado por Alves. A fonte mais comum para o “conhecimento” científico é a mídia social, reconhece o estudo. A pesquisa também revelou que 67% dos jovens brasileiros não conseguem diferenciar fatos de opiniões. Quando solicitados a pesquisar sobre um tópico específico, eles reconheceram que sua fonte básica era o que os influenciadores dizem nas mídias sociais.
Mas, disse Alves, os jovens adventistas devem ser diferentes. “O fato de vocês estarem aqui mostra que sabem mais,” ela disse. “Vocês foram escolhidos para ajudar esses jovens com identidades confusas.”
Outra tendência preocupante no Brasil e no mundo é o que tem sido chamado de “agamia”, aqueles milhões de jovens que não estão interessados em se casar, formar uma família e ter filhos. “Esses jovens evitam qualquer relacionamento próximo com outro ser humano”, disse Alves. “Eles evitam qualquer relacionamento romântico ou íntimo que inclua algum tipo de compromisso.”
Ela explicou qual é a principal preocupação desta geração. “O meio ambiente,” disse Alves. “Eles querem salvar o meio ambiente, o planeta, mas para quê? Eles não querem se casar ou ter filhos, então, quem vai viver em tal planeta?”
Alves mencionou outros problemas que afetam nossa identidade, como a epidemia de solidão, que, segundo alguns estudos, “é mais prejudicial do que fumar 15 cigarros por dia”, disse ela. “Milhões de jovens não querem compartilhar momentos significativos com ninguém, mas ao mesmo tempo estão desesperados por ter alguém com quem conversar. Você entende o tipo de confusão em que eles estão vivendo?”
Como antídoto a isso, Alves convocou os jovens adventistas a se tornarem “especialistas em solução de problemas”, para ajudar outros jovens confusos a encontrarem sua identidade.
O Papel da Regulação Emocional
Deus não apenas nos diz o que fazer; Ele nos aponta caminhos para alcançarmos o que deseja de nós, disse Alves. Nos minutos seguintes, ela compartilhou algumas ferramentas ou caminhos para a realização relacional.
Um deles é a regulação emocional, disse Alves, que nos ajuda a enfrentar os desafios da vida sem desistir e a desfrutar de saúde emocional. “A regulação emocional coloca um freio em mim quando tento fazer algo que sei que não deveria fazer”, explicou ela.
Ela também explicou que é algo que deve ser aprendido desde o início, “que eu não devo ter tudo o que quero, quando quero e da maneira que quero.” Ela acrescentou, “É algo que você deve aprender com a ajuda de Jesus.”
Reavaliação Cognitiva
Ao mesmo tempo, outra ferramenta, a reapreciação cognitiva, pode nos ajudar a desenvolver nossa regulação emocional, explicou Alves. “Uma reapreciação cognitiva nos ajuda a parar e pensar sobre o que devemos fazer.”
Ela explicou como muitas de nossas reações são baseadas no sistema límbico do nosso cérebro. É onde estão as emoções profundas. Essas emoções podem ser úteis para produzir mudanças intencionais. “Por exemplo, a tristeza é uma emoção que nos ajuda a refletir,” disse Alves. “Ela nos ajuda a decidir se vamos continuar no mesmo caminho que estávamos ou se preferimos escolher um diferente.”
Assim, explicou Alves, o cérebro humano inclui uma estrutura que nenhum animal possui, onde se encontra o centro do livre-arbítrio. “Deus nos criou dessa maneira porque nos fez à Sua imagem e semelhança”, ela disse. “E Ele quer nos ajudar a desenvolver a capacidade de realizar reavaliações cognitivas, pois isso está relacionado à nossa identidade.”
Um Sentido de Pertencimento
O que muitas pessoas neste mundo não têm é um senso de pertencimento, de saber que pertencem a Alguém, enfatizou Alves. “Elas carecem de uma visão de mundo que lhes permita entender que, muito além de nascermos e vivermos aqui aleatoriamente, Deus nos escolheu para uma missão especial”, disse ela. Alves explicou que tal consciência dá sentido às nossas vidas. Porque “muito mais importante do que pertencer a alguém aqui, ao seu pai e sua mãe, a encontrar um parceiro de vida e ter filhos, é o fato de que você pertence ao reino de Deus. Você tem genética celestial! Nunca se esqueça disso!” ela disse. “Você pertence a Deus!”
O artigo original foi publicado no site da Adventist Review.