Um estudo publicado na revista JAMA Pediatrics em 2022 revelou que entre 2015 e 2020 houve um aumento anual de 8% nas visitas e retornos de crianças a hospitais por problemas de saúde mental. A pesquisa examinou dados de mais de 200 mil pacientes atendidos em 38 hospitais pediátricos nos Estados Unidos.
Observou-se que 28,7% dos casos diziam respeito a ideação suicida e autoagressão. Já transtornos de humor representavam 23,5%, enquanto os de ansiedade ficaram em 10,4%. Os crescentes índices também despertaram a atenção de grupos específicos, como pais, educadores e especialistas, principalmente após a pandemia de Covid-19.
Essa realidade também trouxe preocupação a duas áreas da Igreja Adventista do Sétimo Dia que trabalham diretamente com esse público. Por isso, além dos projetos e iniciativas já realizadas em conjunto, o Ministério da Criança e o Clube de Aventureiros para oito países sul-americanos se uniram para alertar sobre a importância de fortalecer o cuidado com a saúde emocional de meninos e meninas em seus primeiros anos de vida.
O assunto levantado pela Igreja na América do Sul será tema da mensagem bíblica apresentada nas congregações adventistas de todo o mundo neste sábado, 18 de maio, quando se celebra o Sábado da Criança e o Dia Mundial dos Aventureiros. Mais do que uma reflexão baseada na Bíblia, o objetivo é chamar a atenção quanto aos desafios enfrentados pelos pequenos e como oferecer suporte a eles. Serão abordados pontos como raiva, medo, situações de tristeza e como demonstrar amor. Hoje, aproximadamente 300 mil crianças têm ligação com a Igreja na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai.
Cuidado e Atenção com as Emoções
"Há aquelas vulneráveis, que sofrem bullying, que são órfãs, que são abusadas sexualmente, que têm as emoções, muitas vezes, estraçalhadas por tantos abusos. E, muitas vezes, elas não sabem se pronunciar. Elas enfrentam grandes problemas emocionais, mas não conseguem identificar o que estão sofrendo. Por isso, desde o ano passado, montamos uma equipe multidisciplinar para escrever o tema deste sábado para mostrar como ajudá-las", detalha a professora Gláucia Korkischko, diretora do Ministério da Criança para oito países sul-americanos.
O Clube de Aventureiros, que soma quase 1,5 milhão de integrantes com idades de 6 a 9 anos em todo o mundo, dos quais quase 200 mil estão espalhados em oito países da América do Sul, espera que essa mensagem fortaleça ainda mais o trabalho realizado com os pais. Chamado Rede Familiar, trata-se de uma reunião mensal em que eles participam de seminários, palestras e bate-papos conduzidos por psicólogos, professores e outros profissionais sobre os desafios da formação dos filhos.
"A partir de agora, eles vão aprender a como tratar uma criança com tristeza profunda, que está sofrendo bullying, assédio e não compreende ou sabe como lidar. Esse é o grande objetivo dessa iniciativa: unir pais e filhos rumo ao caminho da cruz. Ajudamos os pais a terem mais experiência para compreender melhor a criança", sublinha o pastor Udolcy Zukowski, diretor sul-americano dos Aventureiros.
Os dois ministérios têm trabalhado para oferecer amparo e cuidado às crianças, sempre aliado ao suporte aos pais. Uma das medidas já adotadas no caso dos Aventureiros é a disponibilização de uma "sala azul" em grandes eventos, ambiente preparado para receber quem tem sensibilidade a fogos de artifício, som e luzes, como meninos e meninas com autismo.
"Precisamos acolher nossas crianças, compreendê-las e dar suporte para que elas aprendam a lidar com suas emoções. É claro que não temos todas as ferramentas para isso, o que exige acompanhamento de profissionais capacitados, mas nosso papel é mostrar a elas, e principalmente aos pais, o que pode ser feito", destaca a professora Gláucia.
A versão original deste artigo foi publicada pelo site de notícias da Divisão Sul-Americana em português.