Estudo de ordenação conclui com sugestões para “passar adiante”

TOSC June

Estudo de ordenação conclui com sugestões para “passar adiante”

Grupo de estudo considerou hermenêutica, questões históricas e preparou materiais de estudo

Um membro da Comissão de Estudos da Teologia da Ordenação (TOSC) melancolicamente observou ao grupo naquela quarta-feira, 4 de junho, ser aquele o dia de Pentecostes no calendário judaico. Ele esperava, disse, que um milagre de unanimidade concluísse o processo de estudo de dois anos em que os seus integrantes foram convidados a escolher a sua solução preferida, ou “passar adiante” a questão com que a Igreja tem lutado por mais de 25 anos.
 
No entanto, quando o presidente da TOSC, Artur Stele, anunciou os resultados de uma pesquisa informal do grupo de eruditos, administradores da Igreja, pastores e leigos, três posições surgiram a partir dos dados, sem nenhuma posição conseguindo a maioria dos 95 votos recebidos. [1]
 
Quarenta membros da TOSC identificaram como sua primeira escolha uma posição de que “cada entidade responsável por chamar os pastores seja autorizada a optar por ter apenas homens como pastores ordenados, ou tanto homens quanto mulheres como pastores ordenados”.
 
Trinta e dois membros deram parecer favorável à uma proposta que afirma a “prática de ordenar/comissionar apenas homens qualificados para o cargo de pastor/ministro por toda a Igreja pelo mundo ....”
 
Uma terceira opção foi a primeira escolha de 22 participantes e declarava: “Cristo é o único cabeça da Igreja”, observando que há um “padrão bíblico de liderança masculina, sob a liderança de Cristo, no ofício de ministro ordenado”. Mas essa opção também acrescentou: “Recomendamos que a liderança denominacional num nível adequado seja autorizada a decidir, com base em princípios bíblicos, se essa adaptação [permissão para ordenar homens e mulheres] pode ser apropriada para a sua área ou região”.
 
O presidente da Associação Geral, Ted N. C. Wilson, falou com os membros da comissão, após os resultados da pesquisa serem anunciadas por Stele. “À medida que avançamos com este processo, estou pedindo que cada um de nós aja com humildade, não com autoridade ou de uma forma arrogante”,Wilson insistiu. “Devemos fazer todas as coisas no espírito de Jesus”.
 
Wilson também agradeceu os participantes por um item que votaram por unanimidade no início do dia. Membros da TOSC votaram por “afirmar que, apesar das diferenças de opinião sobre o tema da ordenação de mulheres, os membros da Comissão de Estudo da Teologia da Ordenação estão comprometidos com a mensagem e missão da Igreja Adventista do Sétimo Dia, como expressas através da 28 Crenças Fundamentais”.
 
“Vamos ser muito abertos e justos na forma como abordamos o tratamento deste assunto”, Wilson garantiu à Comissão ao esboçar etapas-chave que a Igreja seguirá nos próximos meses.
 
Vários grupos administrativos na sede mundial da Igreja irão considerar o relatório escrito do processo da TOSC durante reuniões de 16 a 19 de junho, Wilson disse, e incluirão o assunto na agenda do Concílio Anual da denominação que se reunirá em Silver Spring, Maryland, de  09 a 14 de outubro. Os líderes da Associação Geral prometeram tornar disponíveis todos os materiais a partir dos recentes processos de estudo e documentos complementares com antecedência à Comissão  Executiva de mais de 300 membros, que decide o que recomendar à sessão quinquenal da Assembleia da Associação Geral da Igreja, programada para San Antonio, Texas, 13 meses desde agora.
 
Wilson disse que várias apresentações serão feitas nas reuniões administrativas programadas como parte de auxílio a representantes da Igreja em reverem abertamente o assunto.
 
 ”Os resultados da pesquisa de hoje não devem ditar quaisquer resultados para a Igreja a nível mundial, mas deve ter o seu peso adequado”, disse o vice-presidente da TOSC, Geoffrey Mbwana, também vice-presidente da Igreja. “Ninguém deve dizer precipitadamente: ‘Isto tudo é uma questão clara’. Tudo o que é muito claro neste momento é que temos fortes diferenças sobre a questão da ordenação de mulheres ao ministério”. Os líderes da TOSC viram a pesquisa como uma ferramenta de avaliação para determinar se as posições de consenso haviam se desenvolvido na Comissão.
 
A atribuição do grupo TOSC era fazer um estudo e análise do tema da ordenação em profundidade com subsídios de Divisões mundiais da Igreja: a comissão não foi organizada para ser proporcionalmente representante da Igreja a nível mundial. Uma avaliação mais internacional virá no processo no Concílio Anual de 2014 e na assembléia da Associação Geral de 2015, quando os delegados selecionados por disposições constitucionais e praxes da Igreja irão considerar a questão.
 
Karen Porter, secretário da TOSC e secretário-assistente da Igreja a nível mundial, destacou o valor do estudo: “O que temos vivido aqui poderia ser um modelo importante para a Igreja a nível mundial, ao considerar outras questões internacionais”, disse Porter. “Aprendemos lições de ambos os tipos—o que funciona, e o que não funciona—e estamos todos melhor por termos passado tantos dias e horas ouvindo pessoas com as quais nem sempre podemos concordar”.
 
Stele também elogiou o espírito dos membros da Comissão, ao concluir-se o processo de estudo de 24 meses. Ele sugeriu que a quarta sessão havia provavelmente sido mais positiva por causa da maior quantidade de tempo gasto em bancadas e grupos de trabalho, em vez de apresentações plenárias.
 
“Embora tivéssemos discussões desafiadoras e difíceis, às vezes desenvolvemos uma camaradagem—o respeito pelo outro, durante os últimos dois anos”, disse ele. “A grande maioria dos participantes aprendeu a confiar uns nos outros ao orarem juntos, compartilharem de refeições e conversarem nos corredores. Este é o primeiro processo de estudo verdadeiramente global sobre esta questão já tentada. Tem sido gratificante ver e sentir o quanto este processo único construiu o entendimento mútuo e um melhor relacionamento”.
 
Lisa Beardsley-Hardy, diretora do departamento de educação da Igreja Adventista e membro da TOSC, deu enfoque ao ganho de longo prazo para a Igreja a partir do processo de estudo. “Um dos desenvolvimentos mais importantes para nós, como uma Igreja global, multinacional, foi passar em revista nossa hermenêutica e pensar em como podemos estudar a Bíblia em muitas culturas”, disse à ‘Revista Adventista’. “Esta experiência ajudou-nos a esclarecer no que cremos—e por que assim cremos, assim como nos concentrar em quão unidamente avançar em nossa missão”.

Wilson instou os membros da Comissão a manter a esperança sobre o resultado final do processo ao ser concluída a sessão na quarta-feira. “Ainda não podemos ver exatamente onde o Espírito está nos levando a esta questão”, disse ele. “Mas acreditamos firmemente que Deus abrirá o caminho para a Sua Igreja cumprir a sua missão.”