Escondido no campo de Sorrento, na Flórida, o Rancho Puzzle se tornou um refúgio seguro para famílias com crianças autistas. Para Cameron Munoz, enfermeira e obstetrícia do AdventHealth Waterman, também é lar para seus quatro filhos, que estão todos no espectro autista.

Os filhos de Munoz, Alex, 15 anos, os gêmeos Michael e Matthew, de 10 anos, e Elijah, de 8 anos, foram a inspiração da família para se mudar para o Condado de Lake, vindo de Orlando em 2020, e abrir o Rancho Puzzle no ano seguinte. Começou com cavalos e cresceu para incluir galinhas, coelhos, vacas, cabras, porcos e tartarugas. Ao longo dos anos, Munoz e seu marido construíram vários acres com cabanas temáticas do oeste, uma tenda indígena americana e uma fogueira ao lado da casa da família.

"Queríamos proporcionar a outras pessoas a chance de entrar e vivenciar momentos memoráveis em um lugar acolhedor, tornando tudo mais fácil para elas", disse Munoz em entrevista ao Orlando Sentinel. "Porque sabemos como é o desafio de viver com crianças que têm um transtorno."

Munoz também foi nomeada ‘Campeã da Comunidade’ pela WESH-2 News pelo trabalho que tem feito para ajudar crianças com autismo e outras necessidades especiais. Ela disse: "Estou trabalhando em prol dos meus filhos, defendendo outras famílias na comunidade e realmente tentando promover... reconhecer [pessoas com deficiências] como indivíduos, aceitá-los e incluí-los".

O autismo é um distúrbio neurodesenvolvimental ou neuropsiquiátrico causado por anormalidades em partes do cérebro que interpretam estímulos sensoriais e processam a linguagem, explicou a Dra. Tina Gurnani, psiquiatra infantil do AdventHealth Para Crianças, especializada no tratamento de crianças no espectro.

Crianças com autismo podem apresentar uma ampla gama de sintomas, mas geralmente têm dificuldade em expressar e reconhecer emoções, podendo exibir comportamentos, movimentos e linguagem repetitivos. Alguns são não verbais, enquanto outros falam fluentemente. Os filhos de Munoz foram todos diagnosticados com autismo quando tinham cerca de 18 meses e ainda não falavam.

No entanto, terapias de fala e ocupacionais, intervenções educacionais e oportunidades de aprender e praticar habilidades têm se mostrado eficazes na melhoria dos sintomas do autismo. Para as crianças de Munoz, trabalhar com animais as ajudou a se tornarem mais interativas e a aprenderem sobre limites e como serem delicadas, além de terem muito espaço ao ar livre para gastar energia.

"Crianças com autismo podem ter menos ansiedade quando estão com crianças que têm dificuldades semelhantes às delas e quando têm a liberdade de circular e fazer o que se sentem confortáveis em fazer", disse Gurnani. Também é benéfico para os pais terem a chance de conhecer outras famílias com crianças no espectro e terem um ambiente livre de julgamentos para levar seus filhos, acrescentou ela.

De acordo com o último relatório dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, em 2020, uma em cada 36 crianças de oito anos foi identificada com autismo. Isso representa um aumento significativo no número de crianças estimadas no espectro, em comparação com uma em 44 em 2018 e uma em 150 em 2000.

Entre as famílias afetadas pelo autismo, até 18% têm mais de um filho com o transtorno.

"É um tipo muito diferente de parentalidade, muito diferente do que você esperava que a parentalidade fosse. E há muito pesar nisso", disse Munoz. "Ele surge em pequenos momentos. Quando penso em planejar uma viagem, ou se meus filhos algum dia irão ao baile de formatura, ou pode até ser na sala de descanso ouvindo colegas de trabalho falando sobre o futebol dos filhos deles. E há cem desses pequenos momentos que acontecem ao longo do ano".

No entanto, no Rancho Puzzle, Munoz está ajudando as famílias da Flórida Central a criar algumas das memórias com as quais sonharam.

A versão original deste artigo foi publicada pelo site do AdventHealth.