Em Meio ao Fechamento de Igrejas e Aumento da Violência, Milhares São Batizados no Haiti

Um pastor da Igreja Adventista Horeb de Porto Príncipe (Haiti) batiza uma menina durante a cerimônia de batismo realizada na quinta-feira, 28 de março de 2024. Os líderes da igreja, às vezes, têm que reprogramar as atividades durante a semana para garantir a segurança dos membros. [Foto: Claude Gustave]

Inter-American Division

Em Meio ao Fechamento de Igrejas e Aumento da Violência, Milhares São Batizados no Haiti

Mais de 50 igrejas estão fechadas em toda a região devido ao aumento da violência.

Apesar da escalada da violência de gangues no Haiti nos últimos meses, que tem afetado as atividades habituais da igreja, os recentes esforços de evangelização culminaram em milhares de batismos, conforme relatado pelos líderes locais.

“O impacto dessa situação nas atividades e operações da igreja e das instituições é imenso”, disse o pastor Pierre Caporal, presidente da União Haitiana. Quatro dos cinco campos de missão e associação locais foram diretamente afetados, incluindo a sede central da igreja localizada em Delmas, no centro de Porto Príncipe, Haiti.

Pelo menos 55 igrejas estão fechadas, disse Caporal. “O número aumenta semana a semana”. Muitos dos escritórios administrativos das escolas e outras instituições não podem operar plenamente. “O pessoal da união, por exemplo, continua trabalhando de três locais diferentes”, disse ele. Caporal e outros líderes trabalham de suas casas ou outros locais próximos quando possível. Eles se reúnem por Zoom e conversam por telefone para receber atualizações sobre a vida dos membros da igreja no território e tentam ministrar aos líderes regionais tanto quanto possível, explicou.

No final de janeiro, homens armados entraram no campus da Universidade Adventista do Haiti em Diquini, Carrefour, levando os dirigentes a enviar os estudantes para casa e fechar o campus por quase quatro semanas.

“Há mais de 2.000 famílias adventistas deslocadas, o que inclui 18 famílias pastorais, administradores de associação e outras centenas que perderam seus pertences”, explicou Caporal. “Estou extremamente preocupado com a segurança de nossos membros da igreja, muitos dos quais deixaram suas casas e estão vivendo em qualquer lugar e por todos os lados”, expressou. Os líderes da igreja estão vendo que muitos membros da igreja e suas famílias fogem em busca de segurança, e a violência e a incerteza fazem parte do dia a dia, disse Caporal.

As igrejas que estão abertas para os cultos sabáticos o fazem por apenas algumas horas no início da tarde, para permitir que os membros retornem aos seus lares antes do pôr do sol. Outros se reúnem em galpões, casas, espaços alugados ou ao ar livre. Outros seguem os cultos da igreja online ou sintonizam na Rádio Esperança, a estação de rádio da igreja.

Algumas das maiores igrejas adventistas, que têm mais de 800 membros, como o Auditorium de la Bible, Templo Nº 1, e Eben-Ezer (que sempre teve dois turnos aos sábados), fecharam suas portas. São as mais próximas da zona central, junto ao palácio nacional, onde os conflitos armados são um acontecimento diário, disseram os líderes da igreja.

Deslocar-se por curtas distâncias de um lado para outro não é seguro, contou Caporal.

Em meio à violência e aos desafios que nos cercam, Deus continua cuidando de seu povo, disse Caporal.

“Vemos as misericórdias diárias de Deus a favor de sua igreja e seu povo”, expressou. A igreja testemunhou um número sem precedentes de batismos. Mais de 4.000 pessoas foram batizadas desde o início do ano. Há alguns lugares que são mais favoráveis que outros, onde a igreja pode ministrar e convidar amigos e vizinhos para aprenderem mais sobre o evangelho. As 172 igrejas e 186 grupos da região norte dessa nação insular podem se reunir todas as semanas.

No geral, a paixão pelo evangelho ainda está muito presente no coração dos membros da igreja, disse Caporal. Os líderes da igreja organizaram quatro dias de jejum e oração, de 3 a 6 de abril, implorando a proteção de Deus pelos membros e pelo país. É a segunda vez neste ano que a Igreja Adventista organiza dias de jejum e oração em nível nacional no Haiti.

“Os dias que temos pela frente continuam sendo motivo de preocupação, mas se há algo que continuaremos fazendo é confiar em Deus”, disse Caporal.

A Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA) no Haiti tem ajudado milhares de famílias deslocadas com alimentos e outros itens nas comunidades mais afetadas do país. A ADRA Internacional e a ADRA Interamérica oferecerão programas educativos e outros itens para as crianças de várias comunidades nos próximos dois meses.

David Poloche, diretor da ADRA na Divisão Interamericana, disse que uma campanha especial de arrecadação de fundos nas sedes regionais de Serviços e Indústrias de Membros Adventistas (ASI) da Interamérica beneficiará as famílias adventistas deslocadas do Haiti.

“Queremos colaborar para que os membros da igreja retornem às suas casas nas províncias, onde poderão ser realocados, e ajudá-los com alimentos e para cobrir suas necessidades básicas”, disse Caporal.

Há mais de 500.000 membros da igreja espalhados nas 5 associações e missões do Haiti, que supervisionam 1.230 igrejas e congregações. A união administra um hospital, várias clínicas, uma universidade e dezenas de escolas primárias e secundárias.

Jean Carmy Felixon colaborou com informações para este artigo.

A versão original deste artigo foi publicada pelo site da Divisão Interamericana.