Presidente mundial da IASD apela aos membros para se unirem na missão da Igreja.
Os delegados rejeitaram uma moção que teria permitido que cada Divisão da Igreja Adventista do Sétimo Dia decidisse por si mesma se ordenaria mulheres para o ministério evangélico no seu território.
Por uma margem de 1.381-977, com cinco abstenções, os delegados por voto secreto concluíram um processo de cinco anos que ser caracterizou por um debate vigoroso e às vezes amargo.
O presidente da Associação Geral, Ted N. C. Wilson, apelou aos membros da Igreja para se unirem na missão da Igreja após a votação na Assembleia da Associação Geral em San Antonio, Texas.
“Agora é o momento de nos unirmos sob a bandeira ensanguentada de Jesus Cristo e Seu poder, não no nosso poder”, disse Wilson depois que as cédulas de voto foram contadas em mesas na frente do estádio Alamodome. “Agora é o momento de união em nossa missão como Igreja de Cristo”.
Ele agradeceu aos delegados pela “forma cuidadosa, com oração, em que se comportaram e trataram do assunto” durante seis horas de discussão.
Um sistema de votação secreta foi utilizado, com oficiais da Associação Geral expondo que isso oferecia um processo de votação mais justo e seguro possível. “Tentamos ser transparentes, honestos e atenciosos para garantir a privacidade do voto no melhor de nossa capacidade”, disse Nancy Lamoreaux, diretor de informática da Associação Geral e organizador da logística para a votação de quarta-feira.
As cédulas foram impressas em papel especial, cortado no tamanho de uma meia folha de papel tamanho carta, e dividido ao meio. Uma metade continha a palavra “Sim”, impressa em cinco línguas, e a outra a palavra “não”, também em cinco línguas. As línguas foram inglês, espanhol, francês, alemão e português.
O sistema de votação secreta foi preparado bem antes da assembleia da Associação Geral como um backup no caso de um sistema de votação eletrônica não funcionar, disse o subsecretário Myron Iseminger, cujo setor supervisiona as votações nas assembleias da AG. O sistema de voto eletrônico, que estreou na sessão de AG, mostrou-se problemático, e os delegados votaram no domingo não empregá-lo.
“Desde o início tivemos um plano de backup no caso de as cédulas eletrônicas não funcionarem”, esclareceu Iseminger.
Wilson, que abriu a sessão da manhã com um apelo para todos os membros da Igreja acatarem o resultado da votação, destacou que as decisões tomadas pela Associação Geral em assembleia constituem a mais alta autoridade da Igreja Adventista.
As discussões de um dia inteiro, que começou às 9h30 e teve pausa para almoço de duas horas ao meio-dia, deteve-se quase uma dúzia de vezes para oração. Os participantes se dedicaram a oração silenciosa, oração conjunta de dois, e oração em grupo. Muitos participantes da Assembleia lotaram salas especiais de oração organizadas pela Associação Ministerial da Associação Geral e departamentos dos Ministérios da Mulher.
Tanto Wilson quanto Michael L. Ryan, um vice-presidente geral da Associação Geral que se aposentará, presidiu as discussões de quarta-feira e expressou satisfação com o “espírito tranquilo” que permeou o processo.
Ryan fez com que o decoro adequado da reunião fosse seguido, repreendendo os participantes várias vezes pelos aplausos durante as discussões, já que os delegados concordaram anteriormente abster-se de aplausos num esforço de manter as emoções sob controle.
Ryan, que anunciou os resultados da votação final, admoestou severamente um grupo de participantes do Alamodome que romperam em aplauso com o resultado. “Não há nada triunfal sobre isso”, disse ele. “Não há vencedores ou perdedores.”
Erton Köhler, presidente Divisão Sul-Americana, ecoou o sentimento de Ryan de que aquela não era uma disputa política. “Minha expectativa para a Igreja não é ter vencedores ou perdedores, mas que cada um possa sentir que a decisão é de Deus e que a torne sua própria”, disse ele à ‘Adventist Review’. “Que todos tenham a humildade de reconhecer que Deus pode manifestar a Sua vontade de uma forma que difere da opinião pessoal”.
Jerry Page, diretor da Associação Ministerial, também falou de humildade. “Se tomarmos tempo em oração, humilde confissão, arrependimento e serviço para os outros, podemos avançar em vez de ficar em círculos e recuando por causa dos conflitos”, comentou.
Lisa Beardsley-Hardy, diretora do Departamento de Educação, disse que espera que delegados mostrem respeito uns pelos outros. “Minha esperança e desejo é que a tolerância em nome de nossos irmãos e irmãs que enfrentam os desafios do ministério em ministérios que diferem do nosso ao redor do mundo”, disse ela. “Paciência é uma graça que só pode vir de Deus, para não fazer uns aos outros de reféns ou abandonar a corporação quando algo nos ofende.”
Um total de 2.363 cédulas foram lançadas na votação de uma proposta preparada por altos oficiais da Associação Geral e presidentes de Divisões, e aprovadas no Concílio Anual de 2014, uma reunião administrativa de líderes da Igreja de todo o mundo. A moção rezava na íntegra: “Depois de estudo acompanhado de oração sobre a ordenação da Bíblia, os escritos de Ellen G. White, e os relatórios das comissões de estudo, e após cuidadosa consideração do que é melhor para a Igreja e para o cumprimento da sua missão, é aceitável para as comissões executivas da Divisão, conforme julgarem oportuno nos seus territórios, permitir a ordenação de mulheres para o ministério evangélico? Sim ou não”.
Um total de 40 delegados--20 que apoiaram e 20 que se opuseram ao movimento--foram até os microfones para expressar suas posições sobre a proposta em votação. A discussão foi interrompida 35 vezes por delegados que queriam apresentar “questões de ordem”, objeções à forma como alguns aspectos do processo estava sendo realizado.
A certa altura do processo da tarde, Ryan convidou Jan Paulsen, ex-presidente da Associação Geral, para fazer uma declaração.
Paulsen instou os delegados a votarem “sim”, dizendo que era uma questão de confiança. Ele disse que os membros da Igreja tinham que confiar que os seus irmãos de outras Divisões sabiam melhor do que suas igrejas locais necessitavam.
Ryan também convidou Wilson para fazer uma declaração. Wilson não recomendou um voto “sim” ou “não”, dizendo apenas: “Meus pontos de vista são bastante bem conhecidos e creio que sejam baseados na Bíblia”.
Os procedimentos da quarta-feira começaram com um acordo dos delegados para acabarem com a discussão por voto e às 16:30 fosse iniciado o processo de votação. Ao aproximar-se o tempo, um número de delegados instou Ryan a estender as discussões, mas Ryan declarou que os pedidos estavam fora de ordem.
O secretário executivo da Associação Geral, G. T. Ng, indicou durante os debates de quarta-feira que a Associação Geral esperava o pleno cumprimento de todas as entidades da Igreja.
“Somos uma igreja”, disse Ng.