No dia 21 de janeiro de 1525, em Zurique, na Suíça, um pequeno grupo de cristãos rejeitou o batismo infantil e foi rebatizado secretamente. Esse momento marcou o início do movimento anabatista de “rebatismo”.
Em homenagem ao 500º aniversário desse importante acontecimento da história da Reforma, a Universidade Andrews organizou, de 3 a 5 de abril de 2025, a “Conferência Anabatista: Vivendo a Vida Cristã”. O evento reuniu menonitas e adventistas para “refletir sobre o passado, comprometer-se com o presente e visualizar o futuro das tradições anabatistas, enfatizando seu impacto duradouro na fé cristã, na construção da paz e na vida comunitária”.
A Universidade Andrews tem um histórico de diálogo e cooperação com o Goshen College, em Goshen, Indiana, e com o Seminário Bíblico Anabatista Menonita (AMBS, na sigla em inglês), de Elkhart, Indiana. Com base nessas conexões — e em comemoração ao 500º aniversário celebrado também em Goshen e no AMBS — a Universidade Andrews decidiu organizar seu próprio evento comemorativo, convidando colegas menonitas do Goshen College e do AMBS. Durante a conferência, houve um forte destaque ao discipulado, à vida em comunidade e à paz — pilares do movimento anabatista.
O coorganizador do evento, Abner Hernández, professor adjunto de História da Igreja no Seminário Teológico Adventista do Sétimo Dia (SDATS), afirmou que “a conferência proporcionou uma ocasião profunda para reflexão teológica, memória histórica e renovação espiritual”. Ao comentar a importância histórica do evento, Hernández acrescentou: “Ao comemorarmos meio milênio desde o surgimento da Reforma Radical, o evento destacou a relevância contínua do anabatismo para o cristianismo contemporâneo, especialmente para a Igreja Adventista do Sétimo Dia, que herdou dessa tradição o forte compromisso com o batismo de crentes, a separação entre Igreja e Estado, e a primazia das Escrituras”.
O segundo coorganizador foi Davide Sciarabba, professor adjunto de Teologia Sistemática e Ética no Departamento de Religião e Línguas Bíblicas da Faculdade de Teologia da Universidade Andrews.
Após as boas-vindas e uma breve introdução — que incluiu uma apresentação de abertura feita por Jiří Moskala, reitor da Faculdade de Teologia da Andrews— o primeiro palestrante principal, John Roth, proferiu a palestra intitulada “Olhando Para Trás: Renovação, Identidade e Autoridade no Anabatismo Primitivo”. Roth é diretor do projeto “Anabaptism at 500”, uma iniciativa da MennoMedia, professor emérito de História no Goshen College e historiador pesquisador. Essa apresentação inicial preparou o terreno para as conversas subsequentes em grupos, ao apresentar a história e o impacto do movimento anabatista em seus primórdios.
A segunda palestrante principal, Regina Wenger, professora de História na Universidade Baylor, explorou o legado do movimento anabatista na educação básica e suas interações com as comunidades locais. Suas apresentações — “Uma Educação à Parte: Enfrentando Questões de Identidade nas Escolas Menonitas e Adventistas dos Estados Unidos (do jardim ao ensino médio)” e “História Anabatista e Adventista no Contexto Local” — destacaram como esses movimentos teológicos influenciam a vida cotidiana.
Ao longo do fim de semana, estudiosos como Denis Fortin, Yvonne Gameti Witherspoon, Heidi Campbell e Trevor O’Reggio abordaram a importância histórica do anabatismo e como os movimentos adventista e menonita adotaram seus princípios. Os temas centrais incluíram pacifismo, sábado, justiça social e o desenvolvimento histórico dessas tradições.
Na manhã de sábado, um painel moderado por Félix Cortez reuniu Jiří Moskala, David Boshart, Elizabeth Miller, Teresa Reeve e Denis Fortin para analisar passagens bíblicas fundamentais do anabatismo. A discussão aprofundou os alicerces bíblicos da fé anabatista.
O culto de adoração do sábado, conduzido por David Williams, teve como tema “Reconstruindo a Comunidade: Adoração Entre Anabatistas e Adventistas”. As sessões plenárias e de trabalho foram retomadas após o culto, fortalecidas pela adoração. Um destaque foi a palestra de Michael Campbell: “A conexão cristã e o adventismo do sétimo dia: em busca das raízes anabatistas do adventismo”.
A plenária de encerramento, com John Reeve, teve como título “Construindo Pontes Entre os Séculos, Fortalecendo a Fé: Reflexões da Conferência Anabatista”, e resumiu o propósito e o impacto do evento.
Refletindo sobre o encontro, Abner Hernández comentou:
“Os participantes se sentiram inspirados pelo testemunho de homens e mulheres que, enfrentando grandes sacrifícios pessoais, defenderam a verdade bíblica em meio à perseguição. A conferência não serviu apenas como um lembrete de como Deus tem guiado fielmente sua igreja ao longo da história, mas também como um chamado para renovar o compromisso com o princípio da sola scriptura — um valor profundamente estimado pelos anabatistas e essencial à identidade e missão adventistas.”
A versão original deste artigo foi publicada no site da Universidade Andrews. Entre no canal da ANN no WhatsApp para acompanhar as últimas notícias da Igreja Adventista.