Assistência adventista a saúde conquista corações em comunidade mexicana volátil

Assistência adventista a saúde conquista corações em comunidade mexicana volátil

Uma universidade adventista oferece tratamento de saúde a membros de uma comunidade que no passado se apropriou de parte de suas terras

Uma universidade adventista no estado mais pobre do México está descobrindo que canais dentários e óculos gratuitos estão suavizando os corações de uma comunidade vizinha que já foi tão hostil para com a escola que até se apropriou de um pedaço de sua área.

135 professores e alunos da Universidade Adventista Linda Vista trataram centenas de pessoas em Rincón Chamula, uma comunidade de 1.500 pessoas localizada a três quilômetros do campus. A universidade e a comunidade estão localizadas em Chiapas, um estado do sul do México na fronteira com a Guatemala, que tem enfrentado volatilidade ligada ao tráfico de drogas e violência relacionada.

“Queríamos construir relações cordiais encontrando uma forma prática de mostrar nossas crenças cristãs e nos aproximarmos desta vizinhança inacessível”, disse Raul Lozano, reitor da Universidade.

As tensões entre a universidade e Rincón Chamula remontam há mais de 25 anos. Um grupo de moradores arrebatou cerca de 50 hectares de terras da universidade em 1990, uma prática que não é incomum em Chiapas, onde algumas pessoas presumem que proprietários de terras são ricos, com abundância de áreas desperdiçadas. A região montanhosa tem um clima que agricultores empobrecidos têm julgado favorável para o cultivo de maconha e papoula.

“No nosso caso, o governo teve de intervir no tribunal, e pagou à universidade por aquela determinada seção da propriedade”, disse Benjamin Cruz, vice-presidente de assuntos estudantis e um professor na universidade por décadas. O governo local tem uma política de pagar por terras tomadas para assegurar a paz em comunidades como Rincón Chamula.

A universidade possui agora 420 hectares de terra. “As coisas estão relativamente calmas agora, mas a relação não tem sido fácil”, disse Cruz.

Os dirigentes da universidade disseram que o único contato prévio com Rincón Chamula tinha sido através da decisão do tribunal e nada havia sido feito para aliviar as tensões. “Não tínhamos tomado medidas intencionais para nos conectarmos com eles e desenvolver boas relações no passado, mas quando vimos suas escolas, casas e ruas, tornou-se claro que eles têm muitas necessidades”, disse  o reitor Lozano.

Dias antes da clínica grátis, dirigentes universitários convidaram líderes comunitários e do conselho distrital de cinco das pequenas comunidades que compõem Rincón Chamula para discutir os serviços de saúde. A principal autoridade de saúde do governo local, Celin Clemente Vargas, estava feliz por se unir ao esforço e colaborou enviando remédios e seis médicos para ajudar os voluntários universitários.

Mais de 800 pessoas receberam serviços de saúde, como exames médicos, tratamento dentário, exames oftalmológicos, serviços de laboratório, ginecologia e atendimento pediátrico. Além disso, muitos receberam aconselhamento, consultas de nutrição, medicamentos, cortes de cabelo, e muito mais.

O Hospital Adventista Sudeste, localizado a 130 quilômetros de distância em Villahermosa, Tabasco, apoiou a clínica gratuita com médicos, oftalmologistas e dentistas.

Os alunos da Faculdade de Nutrição, da universidade, mantiveram palestras sobre saúde e nutrição, cmpartilharam alimentação saudável e também doaram centenas de artigos de vestuário. O clube de Guia Mestre também ajudou.

A resposta da comunidade foi tão positiva que a universidade está considerando voltar no próximo semestre. “Muito obrigado por se lembrarem de nós”, disse Hermelindo Hernandez, líder do conselho distrital de Rincón Chamula. “Há uma grande necessidade aqui, e o que vocês fizeram nos tem beneficiado muito”.

A universidade propôs a limpeza de ruas, pintura de edifícios e ajuda com projetos de construção no próximo semestre, mas os líderes comunitários pediram por mais serviços de saúde.

O reitor da universidade disse que o trabalho dos alunos com a comunidade está apenas começando. “Temos estado pesquisando a comunidade e conversado com líderes comunitários”, disse Lozano. “Chegamos à conclusão de que um programa contínuo é necessário em Rincón Chamula, e vamos trabalhar para atender suas necessidades”.