“Há 160 anos, fomos escolhidos para a missão; há 150 anos, começamos a nos envolver em missões mundiais”, disse David Trim, diretor do Escritório de Arquivos, Estatísticas e Pesquisa da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, no início de sua apresentação ao Conselho Diretivo (CD) em 6 de outubro. Os comentários de Trim se concentraram na comemoração dos 150 anos da missão mundial da Igreja Adventista, que ocorrerá ao longo 2024.
Em seus comentários na primeira sessão do Concílio Anual 2023 em Silver Spring, Maryland, EUA, Trim explicou que, após a fundação da igreja em 1863, os líderes hesitaram por 11 anos sobre a missão mundial. “'Precisamos ir além dos Estados Unidos?', perguntavam. 'Não', respondiam. Mas isso mudou com o tempo”, disse Trim, “em parte porque em dezembro de 1871, (a co-fundadora da Igreja Adventista) Ellen White publicou seu primeiro testemunho sobre a missão estrangeira.” White escreveu que eram necessários missionários para ir a outras nações. “Isso ainda é verdade”, disse Trim.
Qual Era a Missão dos Primeiros Adventistas?
Trim lembrou aos membros do Conselho Diretivo que, no Congresso da Associação Geral de 1873, os líderes votaram para enviar um missionário para a Europa e, em 1874, a Associação Geral enviou John N. Andrews. Em 15 de setembro, Andrews partiu de Nova York para a Inglaterra a caminho da Suíça. “O 150º aniversário deste evento épico [...] oferece uma oportunidade única de enfatizar a missão aos membros da igreja”, disse Trim.
A missão, como foi entendida durante os primeiros 100 anos da igreja, é o que poderia ser chamado hoje de “missão transcultural, missão de fronteira ou missão a grupos de pessoas não alcançadas ou insuficientemente alcançadas”, explicou. “Era um trabalho difícil e perigoso; os missionários iam e se imergiam entre as pessoas para quem trabalhavam e com quem trabalhavam, não apenas por anos, mas muitas vezes por décadas.”
Hoje, admitiu Trim, o trabalho missionário da Igreja Adventista não recebe o nível de apoio de seus membros que tinha no início e meados do século XX. “Alguns membros até pensam que o trabalho missionário está praticamente concluído”, disse. “No entanto, agora está mais claro do que nunca que algumas partes do mundo não têm força suficiente para evangelizar seus próprios territórios. Ainda precisam de fundos e apoio organizacional; e em muitos casos, ainda é necessário enviar missionários.”
Reavivar e Reacender a Paixão Pela Missão
Esta é a razão do Novo Foco na Missão (Mission Refocus), uma iniciativa que pretende avaliar e priorizar o uso de fundos e recursos humanos com base em seu ímpeto missionário. Mas os adventistas não só precisam redirecionar a igreja organizada, enfatizou Trim. “Também precisamos reacender o entusiasmo dos membros de todo o mundo pela missão mundial.”
Trim acrescentou que o aniversário pode ajudar a alcançar o objetivo da igreja mundial de “reviver o conceito de missão mundial e o sacrifício pela missão como um estilo de vida que inclui não apenas pastores, mas todos os membros da igreja, jovens e idosos”, disse, citando o primeiro objetivo declarado da iniciativa missionária “Eu Vou”.
Um Simpósio de História da Missão, que será realizado de 17 a 19 de outubro de 2024 na Universidade Andrews, comemorará “150 anos e um mês após a partida de Andrews”, informou Trim. Administradores das divisões e representantes regionais estão convidados a participar do evento.
O Dia Mundial da Juventude 2024, uma iniciativa de serviço do departamento de Jovens da Associação Geral, também se concentrará no aniversário. Além disso, os líderes estão planejando quatro conferências para líderes universitários, intituladas “Educados para a Missão”, organizadas pelo Departamento de Educação da Associação Geral.
Trim também divulgou o podcast Missão 150, que explora vários aspectos dos primeiros e mais recentes protagonistas da missão adventista. O projeto está disponível em formatos de vídeo e áudio, disse.
O Papel Chave do VividFaith
VividFaith, outra iniciativa da igreja mundial, que inclui uma plataforma que conecta pessoas com oportunidades de serviço ao redor do mundo, contará as histórias de 150 projetos missionários lançados em comemoração ao 150º aniversário.
“Comemorações são sempre nostálgicas; elas proporcionam uma sensação maravilhosa”, disse a diretora do VividFaith, Fylvia Kline, aos membros do Conselho Diretivo. “Mas Missão 150 é mais do que uma celebração única e anual dos 150 anos de serviço missionário da Igreja Adventista”, acrescentou. “Missão 150 é um momento crucial em nosso tempo atual para nos desafiarmos como igreja, para desafiar os membros da igreja a viver intencionalmente uma vida de serviço, onde o serviço e o compartilhamento da nossa fé são mais um estilo de vida do que um trabalho e uma obrigação”.
Kline compartilhou que, em 2024, Missão 150 pretende saturar todos os canais de comunicação da igreja com pelo menos 150 histórias para inspirar as pessoas.
Algumas Iniciativas do VividFaith
Um breve vídeo apresentou alguns dos projetos e iniciativas que gerarão essas histórias de missão.
Entre eles, na União do Oriente Médio e Norte da África (UOMNA), um projeto buscará aumentar a presença de missionários adventistas em áreas sem grupos de adventistas. “Esta região pode ter menos cristãos do que tinha há 2.000 anos, do que tinha nos tempos de Paulo”, disse o secretário da UOMNA, Myron Iseminger, em uma mensagem em vídeo de Damasco, Síria. A UOMNA “está procurando obreiros para levar o evangelho a essas partes do mundo onde não temos grupos de adoradores adventistas”, disse.
A União Chinesa (UC), com sede em Hong Kong, está buscando enviar mais missionários chineses para comunidades chinesas ao redor do mundo. O secretário executivo da UC, John Xiao Ming Zhang, explicou que as restrições regionais à prática religiosa têm dificultado a busca por mais missionários qualificados na região. “Em 2024, incentivaremos nossos jovens a se inscreverem ativamente como missionários no VividFaith”, disse Zhang. "Incentivaremos nossos jovens a serem mais entusiasmados com a evangelização, e também a atender as necessidades do povo chinês em todo o mundo".
A Divisão Centro-Oeste Africana, com sede na Costa do Marfim, está buscando oferecer oportunidades missionárias para 1.000 jovens. O objetivo regional é capacitar os jovens para serem missionários. “Para nós, Missão 150 significa preparar 1.000 jovens missionários adventistas, proporcionando-lhes oportunidades de serviço de três meses através do VividFaith”, compartilhou um narrador em uma breve apresentação em vídeo. “Até agora, temos 110 tarefas no VividFaith para impulsionar este movimento, e há muito mais por vir”, acrescentou.
Por outro lado, o objetivo da Missão 150 na União Ucraniana é estabelecer 737 escolas bíblicas em todo o país. Apesar da guerra em andamento, a Igreja Adventista atualmente trabalha em 30 comunidades com 600 professores e cerca de 3 mil alunos. “Para apoiar nossas escolas bíblicas presenciais, estaremos recrutando, através do VividFaith, missionários digitais que falem ucraniano, russo, inglês e polonês”, compartilhou um narrador em uma mensagem em vídeo. “Esta é uma maneira segura de os adventistas de todo o mundo plantarem no coração das pessoas sementes de esperança e amor.”
A Divisão Sul-Asiática (DAS) tratará de recrutar 100 capelães para escolas com crianças hindus e muçulmanas, disse o diretor de educação da região, Edison Samraj. A DAS tem 275 escolas adventistas secundárias na Índia que atendem de 200 a 12.000 alunos cada uma. “A maioria dos alunos em todas as nossas escolas são hindus e muçulmanos”, explicou Samraj. “Estes estudantes são nosso foco para a Missão 150, e é nosso objetivo para 2024 colocar pelo menos 100 capelães nas escolas secundárias em tempo integral”. Os líderes educacionais usarão o VividFaith para recrutá-los, disse Samraj.
A Divisão Norte-Americana, por sua vez, buscará recrutar voluntários para viver e servir em comunidades urbanas, disse Mark Ferrel, pastor da Igreja Adventista Central de São Francisco, na Califórnia, Estados Unidos. “Nosso campo de missão são as pessoas que vivem ao nosso redor”, reconheceu. O VividFaith tem ajudado pastores como Ferrel a encontrar obreiros capacitados e voluntários para servir em São Francisco. Graças a uma generosa doação, os voluntários têm acomodação gratuita assim que aceitam o chamado para servir na área. “Oramos para que Deus continue nos enviando os voluntários, obreiros e missionários para difundir seu amor aqui em São Francisco.”
Na Divisão Transeuropeia, o secretário da região, Róbert Csizmadia, compartilhou que, para celebrar e expandir o legado da missão na região, os líderes votaram na criação de 15 novas posições missionárias, especialmente para jovens adultos. O foco também será em áreas com populações seculares e ortodoxas, ele relatou.
Como Deus Nos Tem Guiado
Para Trim, 150 anos de missão adventista talvez não sejam motivo para celebração. “’Por que vocês ainda estão aqui?’, os pioneiros nos perguntariam se pudessem nos ver”. Mas a data merece uma comemoração, ele enfatizou.
“Estamos determinados a comemorar, a destacar a maneira como Deus tem guiado e prosperado a obra de seu povo quando colocaram suas mãos nas dEle e confiaram no Espírito Santo”, disse Trim aos líderes da Igreja.
Ele pediu aos líderes que, ao retornarem a seus territórios, pensem em maneiras pelas quais eles também possam comemorar “150 anos de orientação de Deus [...] 150 anos em que a Igreja Adventista tem colocado o mundo à frente dos interesses locais”, disse Trim. “Pensem no que vocês podem fazer para reacender a paixão pela missão entre os membros de sua igreja, comemorando este aniversário significativo."