Texto Completo: Relatório do Secretário na Assembleia da AG 2015

Texto Completo: Relatório do Secretário na Assembleia da AG 2015

Nota do Editor: G.T. Ng, secretário da Igreja Adventista do Sétimo Dia, apresenta o Relatório do Secretário de 2015 para a Igreja Adventista do Sétimo Dia sexta-feira, 3 de julho.

A Igreja Adventista do Sétimo Dia começou com um punhado de cristãos mileritas tentando encontrar sentido para o grande desapontamento em 1844, quando Jesus não voltou como esperado. Este pequeno grupo de membros fiéis se recusou a desistir de sua fé. Eles superaram o seu desânimo e resolutamente obedeceram a ordem bíblica para profetizar “sobre muitos povos, nações, línguas e reis” (Apoc. 10:11) [1]

Das cinzas da história surgiu um movimento do tempo do fim. Ao longo das décadas seguintes, este pequeno grupo adventista cresceu à proporção de um movimento global, profético de mais de 18 milhões de membros. Podem ser encontrados em 216 de 237 países e regiões do mundo reconhecidos pelas Nações Unidas, e operam 148.023 congregações, 173 hospitais, 2.164 escolas secundárias e terciárias, 21 indústrias de alimentos, 15 centros de mídia, e 63 editoras. De um grupo desorganizado para uma Igreja global, a transformação é nada menos do que um milagre!

Na primeira assembleia da Associação Geral em 1863, em Battle Creek, Michigan, estiveram presentes 20 delegados representando seis associações locais. Naquele tempo tínhamos um número de 3.500 membros em 125 igrejas, com 22 ministros ordenados e oito ministros licenciados. Em contraste, a 60ª. assembleia da Associação Geral, em 2015, tem 2.571 delegados oficiais presentes. Eles representam 18.479.257 adventistas do sétimo dia de todos os continentes. Procedem de 132 uniões com 633 seções/missões/associações. O que Deus tem feito pelo “pequeno rebanho” tem crescido exponencialmente em 152 anos!

Em 2010, a membresia mundial situava-se em 16.923.239. Três anos depois, em 2013, a membresia adventista atingiu a marca recorde de 18 milhões pela primeira vez na história. A partir de dezembro 2014 havia 18.479.257 adventistas do sétimo dia em todo o mundo. Em comparação com o número total de membros, em 2010, agora temos mais 1.556.018 membros sobre o que tínhamos no início do quinquênio.

Este número de membros não inclui as crianças não batizadas, ou os muitos outros que se consideram adventistas do sétimo dia. Em Papua Nova Guiné, por exemplo, a membresia em registro é de cerca de 250.000. Mas um recente censo do governo revelou que perto de 1 milhão de pessoas se consideram adventistas do sétimo dia. Muitos dos que deixaram a Igreja ainda se consideram adventistas.

Na Jamaica, os livros registram 262.000 membros. O censo do governo, no entanto, revela 323.000 pessoas que afirmam ser adventistas do sétimo dia. Em Chiapas, no México, a situação é semelhante. 

Historicamente, o ano de 1955 foi significativo porque esse ano marcou a primeira vez na história da denominação que chegamos a uma membresia de 1 milhão de crentes. Demorou 92 anos para alcançar 3.500 membros em 1863--1.000.000 em 1955. A segunda marca de um milhão de membros foi alcançada dentro de 15 anos, a terceira em oito anos, a quarta em cinco anos, e a quinta em três anos. Depois disso, foram necessários cerca de dois anos para atingir cada adicional de 1 milhão de crentes. Louvado seja Deus!

Este notável crescimento da Igreja é especialmente significativo, dado o declínio de membros predominante entre as denominações protestantes. De acordo com um relatório recente em ‘Christianity Today’,  a Igreja Adventista é agora a “quinta maior comunidade cristã em todo o mundo, após o catolicismo, a ortodoxia oriental, o anglicanismo, e as assembléias de Deus” (‘Christianity Today’, 22 de fevereiro de 2015).

Muitos historiadores da Igreja têm observado que durante os últimos 50 anos ou mais o centro do cristianismo mudou da América do Norte e Europa (Global Norte) para a África, Ásia e América Latina (Global Sul). Os territórios cristãos da Europa estão diminuindo, e a África, Ásia e América Latina estão se expandindo a uma velocidade vertiginosa. O Global Norte é composto por continentes industrializados, tradicionalmente provedores de missionárias, enquanto o Global Sul é reconhecido como campo missionário.

Esta mudança significativa no número de membros de norte a sul mudou radicalmente a paisagem da Igreja Adventista do Sétimo Dia também. Em 1960 a igreja no Global Sul tinha um número de membros de 675.000 (54 por cento dos membros do mundo). Meio século mais tarde, seus membros chegaram a 16,9 milhões, 91,43 por cento dos membros do mundo. O Global Norte, por outro lado, tinha 570 mil membros em 1960 e em 2014 tinha alcançado quase 1,6 milhão, ou 8,5 por cento da membresia mundial.

Batismos

Esta redistribuição dramática de membresia do hemisfério norte para o Global Sul também se reflete nas estatísticas batismais. Em 1960 os batismos no Global Norte representaram 31 por cento do total, e no Global Sul, 69 por cento dos batismos no mundo, respectivamente. Em 2014, 97 por cento dos batismos mundo vieram do Global Sul e 3 por cento do Global Norte, o que indica extraordinário crescimento da Igreja numa região, e declínio em outra. 

Estatísticas do escritório de Arquivos, Estatística e Pesquisa indicam que em 2014 um recorde de 1.167.796 pessoas se uniu à comunidade de fé adventista mundial, superando 1.091.222 em 2013, ou 1.050.785 em 2010. Qual é o significado de mais de 1 milhão de pessoas se unindo à Igreja em um ano? Isso significa que 3.199 novos crentes se unem à Igreja todos os dias, ou 133 a cada hora, e 2,2 a cada minuto.

O ano de 2004 foi a primeira vez na história da Igreja Adventista que mais de 1 milhão de pessoas foram batizadas num único ano. O impulso se manteve ao longo dos anos; 2014 foi o décimo ano consecutivo em que mais de 1 milhão de pessoas se uniram à Igreja. Somente neste quinquênio, 6.618.689 pessoas se uniram à comunidade de fé adventista em todo o mundo através do batismo e profissão de fé. 

Congregações 

A implantação de igrejas é uma prioridade no empenho da missão da Igreja. Os números mais recentes mostram que tínhamos 78.810 igrejas e 69.213 grupos em 2014. Em comparação com 2013, um recorde de 2.446 novas igrejas abriu as portas para os adoradores num único ano, ou 6,7 novas igrejas a cada dia. A cada 3,58 horas uma nova igreja é implantada. O recorde anterior foi alcançado em 2002, com 2.416 novas igrejas implantadas. O ano de 2014 vai ficar na história como o melhor ano de implantação de igrejas que já se registrou.

O ano passado foi um ano excepcional em 152 anos de história da Igreja. Foi o ano com o maior número de batismos e o maior número de igrejas implantadas. Também foi o décimo segundo ano consecutivo em que mais de 2.000 novas igrejas foram organizadas num único ano.

No geral, as 148.023 igrejas e grupos que a Igreja tinha em 2014 representam um aumento de 12.678 sobre o total de cinco anos atrás. É notável que, em média, 2.536 novas igrejas e grupos foram adicionados a cada ano desde 2010.

Crescimento

O índice médio de crescimento em 2014 foi de 1,85 por cento em todo o mundo. Em 2006, esse índice foi de quase 5 por cento, tornando 2006 um dos melhores anos em termos de aumento de membros. Com um índice de crescimento de 1,85 por cento ao ano, a Igreja Adventista do Sétimo Dia é considerada uma das igrejas que mais crescem no mundo. 

Considerar este cenário de crescimento não é um quadro completo, porém, sem se ver o contraponto. No período de cinco anos de 2010 até 2014, 6.212.919 pessoas foram acrescentadas à Igreja. Durante o mesmo período, 3.717.683 membros deixaram a Igreja. Além dos membros da Igreja que dormiram em Jesus, o índice de perda líquida para o quinquênio é de 60 por 100 conversos.

Este percentual terrivelmente elevado é em parte resultado de auditorias de membros, um processo que identifica e remove da lista de membros pessoas que deixaram a Igreja ao longo dos anos. Mesmo considerando-se os últimos 15 anos anteriores à recente rodada de cuidadosas auditorias, no entanto, as perdas equivalentes são de 48 perdas por 100 ganhos. Sejam essas perdas de indivíduos que deixaram a Igreja neste quinquênio ou sua ausência só ter sido reconhecida no período, estes são números trágicos que a Igreja não pode aceitar.

As auditorias de membros começaram no quinquênio anterior e ganharam impulso durante este quinquênio. O processo de auditoria confirmou que a honestidade ainda é a melhor política. A membresia inflacionada já não é aceitável nas estatísticas mundiais.

Numa nota positiva, a Holanda, descobriu, para sua alegria durante uma recente auditoria de membros, que realmente tinham mais membros da Igreja do que se tinha pensado.

Desafios de Missão

Orgulhamo-nos de ser a Igreja mais difundida no mundo, estabelecida em 91 por cento dos países e regiões do mundo, reconhecidos pelas Nações Unidas. Congratulamo-nos por ter sido fiel ao nosso mandato profético de profetizar “sobre muitos povos, nações, línguas e reis” (Ap 10:11). Temos sido muito bem sucedidos na implementação da Grande Comissão de ir e “fazer discípulos de todas as nações” (Mat. 28:19 e Luc. 24:47).

Quando pensamos em “nações”, a maioria de nós pensa em países como Mali, Egito, ou Brasil. No entanto, as palavras em grego são “panta ta ethne”, que vai além de entidades geopolíticas. Mais realisticamente apontam a grupos etno-linguísticos, pessoas dentro de cada nação. Jesus não estava dizendo que o evangelho deve ser proclamado dentro das fronteiras politicamente definidas de cada país, mas para cada agrupamento cultural dentro desses países. O mandamento de Jesus não era apenas uma missão de introduzir tantos países quanto possível, ou chegar a tantas pessoas quanto possível, mas alcançar todos os povos do mundo.

Dada a compreensão iluminada de “panta ta ethne”, podemos deduzir que o cumprimento da Grande Comissão não é medida pelo número de países em que entramos, por mais importante que seja, mas pela extensão que discipular todos os grupos de pessoas e estabelecer congregações em todas as nações.

O Quênia é um caso em questão. O Quênia sempre foi a espinha dorsal de nosso trabalho na África Oriental. O país tem uma membresia gigantesca de mais de 824 mil crentes em duas Uniões Associações. A maioria dos membros vem de apenas quatro tribos, ao passo que existem ao todo 42 tribos do país. Estima-se que 70 por cento dos membros adventistas do sétimo dia no Quênia pertençam a duas tribos, a kisii e a luo, e apenas cerca de 25 por cento pertencem às quatro maiores tribos (kikuyu, luhya, kalenjin, e kamba). Esta situação mostra claramente que as maiores tribos no Quênia são as menos atingidas, apesar da enorme membresia, com quase 10.000 igrejas e grupos.

Outro exemplo é a disparidade entre a missão rural e urbana. Muitos países desfrutam de um crescimento fenomenal em ilhas e vilas. Dezenas de milhares de pessoas são batizadas anualmente. Embora aplaudamos a colheita abundante no campo, temos de estar atentos aos numerosos milhões de moradores da cidade que precisam da mensagem dos três anjos, tanto quanto a população rural. Uma melhor compreensão da “panta ta ethne” deve guiar nossa estratégia de missão para abranger todos os grupos de pessoas, e não apenas certos segmentos da população.

A frase “panta ta ethne” também implica que a Grande Comissão não se limita a missão estrangeira. Missão estrangeira é, certamente, um componente crítico no cumprimento da Grande Comissão. Quatro quintos dos não-cristãos do mundo nunca serão alcançados a menos que intencionalmente sejam-lhes enviados missionários transculturais. Mas a Grande Comissão não é tudo sobre a missão estrangeira. Todos os crentes devem ter um enfoque “ta ethne” além de suas portas para as comunidades onde vivem. Existem grupos de pessoas de todos os tipos perto de nós. Podem viver ao lado, na rua, ou em toda a cidade. Todo mundo tem uma parte na missão da Igreja. Todo o povo de Deus pode se envolver na missão.

Ellen White escreveu: “Deus espera serviço pessoal de todos a quantos confiou o conhecimento da verdade para este tempo. Nem todos podem ir como missionários para terras estrangeiras, mas todos podem ser missionários domésticos em suas famílias e vizinhança”.[2]

Conclusão

A história da Igreja Adventista nos últimos cinco anos é de crescimento incansável, vertiginoso, a partir de 14 milhões de membros em 2005, para 17 milhões em 2010, para 18,5 milhões em 2014. O avanço da Igreja Adventista teria sido inimaginável para nossos pioneiros em 1863, quando a Associação Geral foi organizada com apenas 3.500 membros. 

Apesar de nossos êxitos, no entanto, grandes áreas da Terra permanecem não alcançadas. A janela 10/40 contém 60 por cento da população do mundo, mas apenas 10 por cento de todos os adventistas. Das 500 cidades do mundo com populações de mais de 1 milhão, 236 estão na janela 10/40. O que devemos fazer?

Alguns desses desafios parecem insuperáveis ​​de uma perspectiva humana. Mas Deus é capaz; Suas promessas são certas. A garantia de Ellen White é inconfundível quando ela escreveu: “Quando pensamos no conflito diante de nós e do grande trabalho que temos de fazer, trememos. Mas podemos lembrar que o nosso Ajudador é Todo-Poderoso. Podemos nos sentir fortes em Sua força. Podemos unir nossa ignorância a Sua sabedoria, nossa debilidade a Sua força, nossa fraqueza a Seu poder infalível. Por meio Dele podemos ser ‘mais do que vencedores’”.[3]

Temos confiança para acreditar que mesmo os países e povos menos evangelizados em breve verão o cumprimento da promessa de Deus por meio do profeta Habacuque: “A terra será cheia do conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar” (Hab. 2:14). Esta é a nossa esperança. Este é o nosso sonho. Somente o Deus soberano pode rapidamente fazer isso acontecer! 

  1. Textos da Bíblia são da Nova Versão King James. Copyright © 1979, 1980, 1982 por Thomas Nelson, Inc. Usado com permissão. Todos os direitos reservados.

  2. Ellen G. White, “Testemunhos para a Igreja” (Mountain View, Calif .: Pacific Press Pub. Assn., 1948), vol. 9, p. 30.

  3. Ellen G. White, em “Review and Herald”, 9 de julho de 1901.