O Centro de Distribuição da Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA) em Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul (RS), em parceria com a Ação Solidária Adventista (ASA), continua a ser uma pedra angular na assistência às famílias afetadas pelas chuvas no Rio Grande do Sul.
Mantido pela Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD), este centro é o ponto de convergência para doações vindas de todo o país. De lá, saem donativos para diversas igrejas adventistas do norte do RS, que distribuem roupas, cestas básicas, calçados, colchões, cobertores, kits de higiene e produtos de limpeza às famílias afetadas.
Um Gesto de Solidariedade
No dia 8 de maio, um gesto capturou os corações de todos os envolvidos. Entre as caixas de doações recebidas, encontraram não apenas pacotes de leite em pó, mas também cartas solidárias de alunos do 4º ano do ensino fundamental I, da professora Lila Mendonça, da Escola Municipal Cônego Vitor, localizada em Três Pontas, Minas Gerais.
A professora Lila enviou uma carta com as doações, expressando uma mensagem de solidariedade e fé. "Estamos longe, mas ligados pelo amor ao próximo e o amor a Deus, nosso Pai", escreveu ela. A carta estava acompanhada das assinaturas das crianças da turma, cada uma representando um gesto sincero de apoio e carinho.
Cartas Solidárias
Muitas cartinhas continham desenhos de helicópteros salvando pessoas da água, acompanhados de palavras de esperança, assegurando que tudo ficaria bem. Este ato de generosidade e empatia de jovens estudantes não só trouxe conforto às famílias em dificuldade, mas também ressaltou o poder do amor e da solidariedade em tempos de crise.
Em entrevista, a professora Lila compartilhou a origem deste gesto. "Aqui todos nós também estamos muito emocionados e gratos com tudo isso! Com essa corrente de amor que se transformou! Semana passada, diante de tudo que estava acontecendo, as crianças trouxeram para sala esses acontecimentos, notícias que eles viam na TV sobre o RS. Então vi que deveríamos conversar sobre isso."
Contudo, ela explicou como a discussão na sala de aula evoluiu para uma ação prática de solidariedade. "Eles falavam muito sobre os salvamentos, como aconteciam, as pessoas sem casa, para onde elas iam. Disse que muitas pessoas perderam tudo, tudo. Não tinham mais nada. Que se fôssemos nós nessa situação, nesse sofrimento em perder tudo! Então chegamos ao ponto das doações. A pergunta foi: 'Tia, podemos doar, podemos ajudar?' E aí conversamos e combinamos que quem pudesse, poderia trazer alguma coisa para ajudar. E não é que levaram, cada um com uma coisinha? Você precisava ver a alegria deles em trazer a doação de casa!", detalha.
Contribuição Escolar
A professora Lila e outros membros da comunidade escolar se uniram para complementar as doações das crianças. "Eu, meu esposo e mais duas amigas da escola, complementamos as doações com água e o leite. Foi então que falei com eles de mandarmos também um desenho com as doações. E então falei com eles da ideia de mandarmos um desenho expressando o nosso amor, a nossa fé de que tudo vai melhorar, vai passar. Mas quando fizemos, jamais pensamos que poderia tomar essa proporção, porque foi tudo tão natural, tão puro, tudo tão cheio de amor!"
As dúvidas das crianças sobre o destino das cartas mostraram a sinceridade e a preocupação delas. "Quando coloquei as cartinhas na caixa de leite, eles ainda perguntaram: 'Mas tia, será que vai chegar até lá? Será que eles vão gostar?' Eu respondi: 'Não sei se vai chegar, mas estamos fazendo a nossa parte!'"
A entrega das doações foi um evento emocionante para todos os envolvidos. "Então fomos todos levar as doações numa loja aqui no centro da cidade, que estava recebendo doações para serem enviadas. Até quando chegamos, o dono da loja ficou admirado com atitude deles! Eles estavam eufóricos, muito alegres com aquela situação. Foi lindo! Mesmo se tivesse terminado por ali, eles já estavam satisfeitos, estavam felizes e conscientes do que fizeram."
Impacto do bem
Os voluntários do Centro de Distribuição da ADRA em Novo Hamburgo ficaram profundamente emocionados com as cartas. "Foi um momento de muita emoção para todos nós. As cartas solidárias das crianças mostraram que, mesmo de longe, elas estão comprometidas em ajudar e em trazer esperança para quem mais precisa", contou o voluntário Nilson Zimmer, que abriu a caixa com as doações e viu as cartinhas.
A versão original deste artigo foi publicada pelo site de notícias da Divisão Sul-Americana em português.