Atualmente no Brasil, 713 mil meninas e mulheres vivem sem acesso a banheiro e/ou chuveiro em casa. Existem também mais de 4 milhões que não têm acesso a itens mínimos de cuidados menstruais nas escolas. Esses dados foram revelados pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) no estudo “Pobreza Menstrual no Brasil”. A pesquisa mostrou as dificuldades que mulheres encontram ao passarem pelo ciclo menstrual todos os meses. A pesquisa desvendou problemas escolares, psicológicos e financeiros decorrentes da pobreza menstrual no Brasil.
Foi pensando nisso que a empresa P&G se juntou à Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA) do Rio Grande do Sul para realizar um projeto em prol das mulheres migrantes em situação de vulnerabilidade que atualmente vivem na região de Porto Alegre. Iniciado em janeiro, as doações ocorrerão até agosto de 2023, atendendo a mais de 200 mulheres. A marca de absorventes Always e a Fundação Amor Horizontal com apoio das Farmácias PanVel, também atuam nessa ação.
As beneficiárias se inscreveram no projeto no início deste ano por meio de uma das ações para migrantes já existentes dentro da ADRA no Rio Grande do Sul, o Connect Brasil. O projeto “Ajudando Mulheres Migrantes a Se Reencontrar” foi um dos selecionados pela P&G para trabalhar a temática da pobreza menstrual no Brasil. A agência humanitária adventista recebeu uma doação de 100 mil absorventes que serão entregues às participantes mensalmente. Ao total, foram 253 mulheres inscritas, estas com idades que variam entre os 13 aos 60 anos.
Saúde da Mulher
Não são somente absorventes que as mulheres estão recebendo, mas também orientações sobre a saúde feminina, por meio de palestras em encontros mensais, e acompanhamento do projeto Connect Brasil, que quer inseri-las no mercado de trabalho.
Tânia Cendofanti é coordenadora da ADRA no Rio Grande do Sul e está à frente do projeto para lutar contra a pobreza menstrual e os resultados disso na sociedade. “Nos eventos estamos trabalhando não só a pobreza menstrual, mas também o empoderamento da mulher, a prevenção da violência doméstica e como conseguir um emprego. Além de divulgar cursos da língua portuguesa e cursos profissionalizantes”, relata.
Os primeiros encontros aconteceram em janeiro e fevereiro. A ADRA levou todas as mulheres gratuitamente até o local da reunião. Durante os encontros, ouviram palestras sobre a saúde íntima feminina, inteligência emocional e autoestima. As palestras foram conduzidas por médicas, enfermeiras e psicólogas na língua materna das participantes. “Eu sou muito grata pelo projeto e por ter estado ali. Eu estou gostando demais”, confessa uma das participantes, Zulay.
A ação também atua em parceria com o Serviço Social do Comércio (SESC) Saúde. As beneficiárias poderão passar por exames médicos para que obtenham acesso mais facilitado à saúde. Todo o processo é acompanhado de perto pela ADRA.
“Um dos objetivos do projeto também é que, durante esse período de oito meses em que elas são acompanhadas, nós consigamos encaminhar essas mulheres para processos seletivos para empregos”, explica Daniel Fritolli, diretor da ADRA para o Rio Grande do Sul. Desde o início do projeto, cinco mulheres já conseguiram um emprego.
A ADRA
A ADRA é a agência humanitária da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Está presente em mais de 130 países e, no Brasil, está organizada em 16 regionais que atendem todos os estados brasileiros. O trabalho da organização é promover desenvolvimento e alívio pontual a pessoas em situação de vulnerabilidade, priorizando nove grandes áreas de atuação: gestão de abrigos e casas de passagem, resposta a emergências e recuperação pós-crise, promoção da educação, promoção de ações de segurança alimentar e redução da fome, atendimento e promoção de saúde comunitária e abastecimento de água, saneamento e higiene (WASH).
No Rio Grande do Sul, um dos maiores projetos desenvolvidos pela ADRA é o Connect Brasil, que auxilia migrantes, oferecendo estrutura e apoio a eles por meio de ajuda em processos seletivos para empregos e cursos profissionalizantes. As famílias também recebem amparo com alimentos, roupas, aluguel de imóveis e mobília.
O artigo original foi publicado pelo site de notícias da Divisão Sul-Americana em português.