Os adventistas unem-se a líderes de agências assistenciais e de fé mundiais para combater pobreza

Os adventistas unem-se a líderes de agências assistenciais e de fé mundiais para combater pobreza

Verbas de um bilhão de dólares prometidas para capacitar mulheres e meninas; 'Quando você educa uma menina, você educa uma nação'

Fazendo a ligação entre pobreza e mulheres economicamente limitadas, representantes de governos, agências assistenciais e de religiões mundiais disseram em 13 de abril que não é mera coincidência que uma estimativa de 70 por cento das 1,2 bilhão de pessoas que sobrevivem com somente um dólar por dia são mulheres e meninas.


Reverter esses dados estatísticos perturbadores é um “imperativo moral”, concordaram líderes reunidos numa superlotada Catedral Nacional para o Encontro de Mulheres, Religiões e Agências de Desenvolvimento Para dar Fim à Pobreza Global.


“Não aceitamos que a pobreza seja uma parte inevitável da condição humana”, disse a ex-secretária de Estados dos Estados Unidos, Madeleine Albright, durante o seu discurso, que foi o principal da reunião.


Os participantes do encontro, entre eles dirigentes da Igreja Adventista, reuniram—se para lançar a Aliança de Mulheres, Religiões e Agências de Desenvolvimento—uma parceria entre organizações internacionais de mulheres, de desenvolvimento e religiões—para designar verbas para combater a pobreza global mediante a capacitação de mulheres e meninas.


“Embora o abismo entre ricos e pobres continue a se ampliar, precisamos enfrentar esse desafio com mais do que uma resposta a necessidades imediatas. Precisamos fazer algo mais profundo e de longo prazo”, declarou mais tarde a vice-presidente da Igreja Adventista do Sétimo Dia, Dra. Ella Simmons, apelando por soluções sustentáveis para o problema da pobreza.


Entre as mais de 70 agências que se comprometeram com um bilhão de dólares visando a tal meta está a Agência Adventista de Desenvolvimento e Socorro de Emergência (ADRA) que se comprometeu a contribuir com 1,5 milhão de dólares para diminuir o abismo em alfabetização e acesso à educação de mulheres e meninas.


Conquanto alegações de que a pobreza possa ser eliminada provoque freqüentemente atitudes de incredulidade, Albright declarou que a meta é “factível” e tal complacência é inimiga do progresso. “Eu tenho que perguntar, ‘qual é o problema?’ Não se trata de estarmos tentando reverter a lei da gravidade. A pobreza não é uma força da natureza. A pobreza é uma escolha que a sociedade faz, e declaramos que naquilo em que temos a capacidade de escolher, temos o poder para mudar”, disse Albright.


Oradores do encontro concordaram em que simplesmente encaminhar fundos para mãos de pessoas alienadas pouco realiza para reduzir os índices de pobreza. Antes, qualquer solução à pobreza deve utilizar plenamente mulheres e meninas como “agentes de mudança, não meros objetos de caridade”, declarou o Dr. Ishmael Noko, secretário-geral da Federação Luterana Mundial.


“Se você desejar que um país faça progresso, então capacite suas mulheres, eduque as meninas—esse é o único meio de consegui—lo”, comentou Mary Robinson, ex-presidente da República da Irlanda, que falou durante o evento. Os líderes mundiais devem nas próximos semanas e meses “arregaçar as mangas” para lidar com o lado prático da parceria em grande medida “simbólica”, aduziu Robinson. “Temos que empreender essa obra”.


A tarefa deve ser enfrentada tanto por dirigentes de governos quanto de religiões, declarou o Arcebispo Desmond Tutu num discurso em vídeo dirigido aos participantes do encontro. Destacando as comunidades de fé, Tutu disse que “a religião é amiúde empregada como um instrumento para oprimir as mulheres” e que os líderes religiosos têm preferido erradamente ignorar, antes que “condenar” tais práticas culturalmente sancionadas, como sejam casamentos de crianças e mutilação genital feminina.


A ignorância desses “abusos chocantes” não mais podem ser uma desculpa, declarou Albright. “Alguns podem dizer, ‘tudo isso é cultural e não há nada que se possa fazer a respeito’. Eu digo que é crimonoso e cada um tem uma obrigação de deter isso”, ela acrescentou.


A embaixatriz da entidade Global YouthAIDS, a atriz Ashley Judd, fez eco ao ponto de vista de Albrigt, chamando o estupro e outros crimes contra as mulheres de “apartheid de gênero”. Os oradores do encontro asseguraram que os planos anti-pobreza fariam face ao espectro dos desafios que as mulheres e meninas defrontam, inclusive a violência com base em gênero.


Falando sobre a relação entre pobreza e analfabetismo, a primeira mulher a se tornar presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, declarou que as nações em desenvolvimento devem capitalizar sobre os talentos e idéias de mulheres e meninas. “Quando você educa uma menina, você educa uma nação”, ela disse.


Simmons, também uma representante do Conselho de Liderança da Aliança criada, declarou que embora as mulheres e meninas possam ser afetadas injustamente, os esforços para aliviar a pobreza deveriam incluir homens e garotos como parceiros. “Se advogamos por todos, a todos elevamos”, ela opinou.


Unir-se a esforços de colaboração como da Aliança é uma forma pela qual representantes da Igreja Adventista podem “maximizar” o impacto de sua obra mediante relacionamentos com outros dirigentes de mesma preocupação. “Somos chamados para levar o evangelho ao mundo inteiro, e isso inclui responder à condição humana”, ela disse.


O encontro também propiciou oportunidades valiosas para formação de redes de contato, declarou Heather-Dawn Small, diretora do departamento de Ministérios de Mulheres da Igreja Adventista e membra da Aliança. “É importante ouvir de outras líderes de mulheres para ver o que funciona em outros países e ser capazes de ter isso como retroalimentação”.