Organização Pan-Americana da Saúde exorta adventistas a compartilharem conhecimentos de saúde

Anselm web

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Apelo feito na abertura da Conferência Mundial sobre Saúde e Estilo de Vida em Genebra, com participação de 1.150

Um alto oficial de saúde pública apelou à Igreja Adventista do Sétimo Dia na terça-feira para compartilhar seus conhecimentos sobre estilos de vida saudáveis com o resto do mundo, dizendo numa conferência que a saúde da população do mundo estava indo de mal a pior.

O presidente mundial da Igreja, Ted N. C. Wilson, disse que a Igreja iria avançar com planos de expandir seu ministério de saúde abrangente para cada igreja adventista, e insistiu em começar com o bem-estar das 1.150 pessoas na platéia, pedindo-lhes para se levantarem e se esticarem.

Anselm Hennis, diretor do departamento de doenças não-transmissíveis e saúde mental da Organização Pan-Americana da Saúde, fez o seu apelo na abertura da Segunda Conferência Mundial sobre Saúde e Estilo de Vida em Genebra, Suíça.

Hennis citou dois estudos adventistas internacionalmente reconhecidos que concluíram que os vegetarianos têm um risco menor de morrer de doenças não-contagiosas. “Se você comer mais vegetais, vai ter menor risco de morte prematura”, disse ele. 

Hennis, que trabalha para o ramo da Organização Mundial da Saúde voltado para as Américas, pintou um quadro sombrio da deterioração da saúde global, particularmente entre os grupos de renda baixa e média, o que, segundo ele, são mais propensos a doenças não-contagiosas, como problemas cardíacos, câncer, doenças respiratórias e diabetes. ”Estamos assentados sobre uma epidemia em evolução em todos os níveis”, comentou.

O enfoque da conferência são as doenças não-transmissíveis, que não podem ser passadas de pessoa para pessoa e são causadas pela má alimentação, fumo, álcool e falta de exercício.

As regulamentações governamentais não são o suficiente

Hennis disse que o México ultrapassou os EUA como o “país mais gordo do mundo” no ano passado. Acrescentou que não é por acaso que os mexicanos sejam os maiores consumidores mundiais de bebidas açucaradas, consumindo uma média de 163 litros por pessoa por ano em comparação com os cidadãos dos Estados Unidos, em segundo lugar com 118 litros.

Mas o México está tomando a liderança mundial na adoção de leis destinadas a regular melhor saúde, introduzindo um imposto de 8 por cento sobre o chamado “junk food” [comida sem real valor nutricional, especialmente de restaurantes de comidas rápidas] e um imposto de 1 peso por litro sobre refrigerantes em janeiro de 2014, disse ele. Espera-se que o imposto de 1 peso por si só reduza o consumo de refrigerantes em 5 por cento.

Hennis disse, entretanto, que as regulamentações governamentais não eram suficientes. Aplaudiu um acordo assinado entre a sua organização e a Igreja Adventista do Sétimo Dia há três anos para combater as doenças não-contagiosas e instou os adventistas na terça-feira a compartilharem os seus conhecimentos em suas comunidades.

“Estou muito impressionado com o alcance, com a advocacia, com a missão, de sua Igreja”, disse ele. “Creio que precisamos chegar até vocês para saber como podemos fazer um trabalho melhor na tentativa de mudar vidas, fazer a escolha saudável, a melhor escolha”.

Wilson incentiva pelo exemplo

Wilson, o presidente da Igreja, disse num discurso plenário que os adventistas precisavam compartilhar não apenas informações sobre uma vida saudável, mas também incorporar escolhas saudáveis em suas próprias vidas. Para ilustrar esse o ponto, convidou os participantes a se levantarem e esticarem os braços com ele quando subiu ao palco duas horas do início da conferência. “Nós não somos uma reunião pentecostal, mas realmente precisamos de uma boa saúde”, disse Wilson para risos da plateia. 

Mais tarde, em seu discurso, Wilson ofereceu um exemplo pessoal de como procurou encontrar maneiras de exercitar-se, dizendo que ele e a esposa, Nancy, tinham caminhado os 17 minutos do seu hotel para o local da conferência naquela manhã. “Foi uma grande caminhada”, disse ele.

Sinalizando a importância que Wilson colocou sobre a conferência, ele ficará hospedado em Genebra até a sua conclusão no sábado, 12 de julho, quando pregará um sermão. 

Wilson exortou os participantes a intensificarem os esforços de implementar o “ministério da saúde integral”, uma abordagem holística que combina informações sobre saúde e Jesus para atender às necessidades físicas e espirituais das pessoas. “O Ministério da Saúde Integral é uma parte tão importante da Igreja Adventista do Sétimo Dia como o braço direito é para o corpo”, disse Wilson.

Um objetivo essencial da conferência é estabelecer as bases para a criação de centros comunitários de saúde em cada igreja adventista a nível mundial. Os organizadores da conferência estão fornecendo aos participantes, uma mistura de líderes eclesiásticos e leigos influentes, informações destinadas a permitir-lhes implementar programas de bem-estar ao regressarem para casa.

Participantes impressionados, surpresos

Os membros da audiência pareciam estar curtindo a oportunidade de aprender com os principais oficiais de saúde e dirigentes da Igreja. “Esta é uma boa conferência”, disse Mikalai Patsukevich, líder adventista de Belarus. “Foi bom ouvir o Pastor Wilson explicar como podemos compartilhar o evangelho através de um estilo de vida saudável”.

Rodolfo Celestial, um agricultor privado de Malaybalay, Filipinas, disse que ficou impressionado com os comentários dos oradores sobre os benefícios do vegetarianismo e antecipava aprender a compartilhá-los com as crianças em sua igreja.

Pelo menos um participante ficou surpreso. “Fiquei admirado de saber que o México e os Estados Unidos são os países mais gordos do mundo”, disse Noldy Sakul, presidente da União Associação da Indonésia Oriental.

Em seu discurso, Wilson destacou que os adventistas tinham a obrigação de compartilhar não só informações sobre saúde, mas também a respeito de Jesus. “Não seja levado a pensar que você vai para o céu, porque é um vegetariano”, declarou.

Outros destaques da conferência:

David Williams, professor adventista de saúde pública e sociologia na Universidade de Harvard, exortou os participantes da conferência a não se preocuparem com a meta aparentemente ambiciosa de criação de um centro de saúde da comunidade em cada igreja, dizendo que os adventistas têm um modelo de 120 anos de idade que podem seguir. “Como seria um ministério de saúde abrangente?”, perguntou num discurso ao plenário. 

Williams apontou a um programa criado pelo médico adventista pioneiro John Harvey Kellogg, em Chicago, em 1893, que viu os moradores pobres da cidade tratados por médicos residentes de uma escola adventista, em Berrien Springs, Michigan. A iniciativa incluiu também um abrigo para sem-tetos, uma cozinha de sopa com refeições de baixo custo, emprego para os que não podiam pagar pelas refeições, e uma casa de recuperação para as prostitutas.

Os esforços de Kellogg obtiveram elogios de um dos principais responsáveis pela saúde pública de sua época, disse Williams.

Niels-Erik Andreasen, reitor da Universidade Andrews, anunciou que aquela instituição de ensino estava lançando uma iniciativa de estilo de vida saudável, que inclui iniciar um novo centro de saúde e bem-estar e um funcionário em tempo integral para melhorar a saúde dos alunos. Andreasen disse que uma pesquisa estava em andamento para contratar um “promotor do bem-estar”.

Ele disse que o centro de saúde e bem-estar abriria em poucos anos, em lugar bem visível na frente do campus, em Berrien Springs, Michigan, e ofereceria equipamento de ginástica e salas de aula. O novo programa será financiado em grande parte por verbas da universidade. 

O organizador da conferência Peter Landless, diretor de Ministérios da Saúde da Igreja, estava claramente impressionado com a apresentação. “Este será um modelo para todas as escolas de todas as denominações”, disse ele.

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