Entrevista: Brillhart fala sobre a Igreja e a ação comunitária

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Igreja de Sligo e Columbia Union College trabalham com outros grupos religiosos para operar mudança

Brillhart atua com membros da Igreja, bem como com professores, funcionários e estudantes da instituição educacional adventista, Columbia Union College, inclusive Otis Coutsoumpos, que é o capelão da instituição.
Brillhart atua com membros da Igreja, bem como com professores, funcionários e estudantes da instituição educacional adventista, Columbia Union College, inclusive Otis Coutsoumpos, que é o capelão da instituição.

Conquanto fornecimento de sopas quentes e campanhas de agasalhos sejam marcas registradas de serviço social comunitário para muitas igrejas, a Pastora Rebecca Brillhart diz que unir-se a outros grupos confessionais pode fazer mais para melhorar vidas.


Brillhart, pastora de discipulado par a IASD Sligo, em Takoma Park, Maryland, EUA, também serve como co-diretora de Ação em Montgomery, um grupo de 29 congregações interdenominacionais que uniram suas ações para melhorar a vida das pessoas no Condado Montgomery.


O grupo reivindica como conquistas obtidas junto a líderes governamentais residências a custo acessível, creches de dia inteiro, reforma de impostos para choferes de praça e verbas para melhorar centros comunitários. Ação em Montgomery reúne-se trimestralmente com 200 representantes de congregações. Brillhart e cerca de 30 membros da Igreja Sligo e o Columbia Union College, nas proximidades, atuam com 30.000 crentes que pertencem a denominações evangélicas, além de católicos, judeus e associações muçulmanas para reivindicações junto a líderes cívicos.


Sligo, uma congregação de mais de 2.900 membros, uniu-se à Ação em Montgomery em 2003 e é a única Igreja Adventista na organização.


Brillhart recentemente falou com a Rede Adventista de Notícias sobre como a parceria com outros grupos religiosos para ajudar a comunidade afetou o ministério da igreja.


Eis trechos da entrevista:


Rede Adventista de Notícias: A irmã diz que Ação em Montgomery atua visando à justiça Social. O que isso envolve?


Rebecca Brillhart: Quando falamos de justiça social tratamos sobre ir mais fundo do que bons programas que propiciam alimento, abrigo e roupa numa base temporária para enfrentar problemas sistêmicos que realmente afetam nossos cidadãos.


ANN: Que tipo de papel a Igreja Sligo desempenha em defrontar esses problemas?

Brillhart: Falamos com nossos membros sobre o que está no caminho de obterem paz para seus lares. Pode ser que seja o local onde moramos, talvez seja uma dificuldade em conseguir um lugar onde morar, talvez seja a qualidade de segurança para seus filhos ou talvez seja a falta de atividades recreativas para as crianças fazerem. Estamos identificando os problemas e questões que nossos membros experimentam a fim de ter empatia e compaixão para tornar nossa voz ouvida e fazer parceria com outros de modo a buscar uma solução.


ANN: Qual seria uma das maiores vitórias do grupo?


Brillhart: Um dos principais problemas é a falta de moradia de valor acessível. Estamos cobrando isso dos líderes e executivos do condado, porque para um cidadão que é um bombeiro, uma enfermeira ou uma professora no condado torna-se impossível viver ou comprar uma casa no Condado Montgomery, por ser de custo muito elevado. Francamente, julgamos ser isso imoral. Gostaríamos que as pessoas que servem ao condado fossem capazes de viver aqui. Essas pessoas estão vindo até de fora do Estado para encontrar casas a preços acessíveis. Isso causa muitos problemas nas famílias dessas pessoas quando os pais estão distantes e assumindo dois empregos. No outono passado, dia 18 de outubro, a coalizão se reuniu com o executivo do condado e tomou uma decisão histórica. Ele disse que apoiaria essa iniciativa de moradias de preço acessível que lhe indicamos. Historicamente isso significaria repor as casas que realmente se estão degradando no condado, segundo velhas casas estão sendo destruídas e novas moradias não são substituídas para a classe trabalhadora e pessoas de baixa renda.


ANN: Quais são alguns dos resultados inesperados de realizar esse trabalho?


Brillhart: Algumas pessoas nunca pensaram em empregar suas vozes ou experimentar fazer ministério em nossa comunidade. Comunicar-se com outros e fazer parceria com outros ajuda as pessoas a saberem que podem ter parte no alívio de algumas das coisas que causam problemas em suas vidas e na vida de outros.


ANN: Poderia o trabalho que estão fazendo ser considerado político?

Brillhart: Ao levarmos essas preocupações a líderes cívicos sem dúvida estamos sendo políticos porque estamos pedindo a líderes cívicos a repensarem como utilizarão os recursos que procedem dos impostos, e talvez a reorganizarem o pessoal que vai se encarregar dessas importantes questões. Mas não é partidário. Não é um esforço para apoiar qualquer candidato em particular. As questões envolvem coisas que estão impedindo que as pessoas avancem para uma vida que lhes conceda necessidades básicas, como moradia, alimento, educação equiparável. Essas são as coisas que nos preocupam.


ANN: Quais são alguns dos desafios em realizar uma obra como essa?


Brillhart: O maior desafio que vejo como pastora e líder é manter o enfoque claro de que Cristo nos chamou para atender as necessidades ao nosso redor.


ANN: Qual tem sido a reação dos membros quanto ao envolvimento da Igreja Sligo em algo que não é inteiramente adventista?


Brillhart: Muito positiva. Desde que temos estado envolvidos somos muito bem conhecidos [entre os membros da Igreja]. Quando temos ações de maior monta?quando estamos levando cobranças aos líderes cívicos?a Igreja Sligo é aquela na coalizão que realmente produz os números?em termos de centenas?dos que vêm apoiar a ação.


ANN: As igrejas adventistas são bem conhecidas por terem um sistema de educação, saúde e serviços comunitários. Por que atuar fora desse sistema?

Brillhart: Uma das coisas que aprecio em ser adventista é a abertura para edificar pontes de esperança. Desejamos dizer às pessoas que somos um povo de esperança porque cremos num Salvador que está voltando para tornar as coisas que estão erradas em nosso mundo certas, mas temos a responsabilidade como adventistas aqui e agora. E a única forma de edificar pontes, o único meio pelo qual seremos um empreendimento confiável, é se estamos fazendo tudo quanto podemos para associar-nos às pessoas que podem até saber melhor do que nós como estarmos unidos num consenso sobre as coisas com que podemos concordar e defrontar algumas das questões sistêmicas que estão perturbando a nossa sociedade.


ANN: Como o estar se envolvendo numa organização como esta tem afetado nosso conceito de ministério?


Brillhart: Eu tenho sido tão inspirada por estar com clérigos e membros de igrejas e líderes cívicos que desejam elevar o mandado de Cristo para libertar os opressos e aliviar as preocupações dos de coração quebrantado. Isso me toca no mais profundo e nunca estarei satisfeita no ministério sem olhar para fora da Igreja bem como para dentro dela em termos ministeriais.


ANN: Está querendo dizer que os adventistas são muito voltados a si mesmos?


Brillhart: Creio que em geral o somos. É realmente meu desejo que mais Igrejas [adventistas] em nossa localidade tomem nota de algumas dessas associações, sejam menos temerosas e saibam que desempenhamos um papel integral por causa da mensagem que possuímos, por causa da esperança que abrigamos. Creio que não se trata somente de algo bonito pensar a respeito, mas é crítico realizar algo para sermos dignos de crédito como cristãos na sociedade moderna.


ANN: Por que um número maior de adventistas não se engaja em mais parcerias, como a Ação em Montgomery?


Brillhart: [Um] temor é que sejamos absorvidos por algo que não seja decididamente adventista. Mas numa coalizão como esta não lhe é pedido que apóie coisa que não aceita. Poder se faz necessário para operar mudanças. Mas o poder que temos é o de empregar a nossa voz para a glória de Deus e para levar avante o mandado que Cristo nos deixou para o Seu próprio ministério. Temos que estar cientes de onde a dor está ao nosso redor e estar disponíveis para atuar nesse sentido.


ANN: Acaso questões teológicas são levantadas nessas reuniões?

Brillhart: Isso surge o tempo todo porque faço parceria com clérigos de outras igrejas. Um dos grandes deleites dessa experiência é pensar que refletir teologicamente juntos sobre por que estamos fazendo o que fazemos. O fato de que eu fui solicitada a dirigir o grupo é confirmação de que somos necessários junto a esses grupos para realizar essa importante obra.


ANN: Que planos futuros há para a organização?


Brillhart: Prosseguiremos dando enfoque sobre moradia a custo acessível e centros comunitários para nossa juventude. Nada do que fazemos é rápido; tudo que fazemos é de longo prazo. Mesmo com o êxito de 18 de outubro para moradias a preços acessíveis ainda estamos realizando acompanhamento do plano.

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