ENCONTRO DOS SURDOS EM PORTUGAL, UM PASSO A MAIS

Inter-European Division

ENCONTRO DOS SURDOS EM PORTUGAL, UM PASSO A MAIS

As pessoas surdas têm muito a oferecer à nossa Igreja se tivermos apenas uma oportunidade

O 2º curso adventista de treinamento internacional para intérpretes de linguagem gestual da Região Intereuropeia da Igreja Adventista do Sétimo Dia (EUD) foi realizado em Lisboa, Portugal, de 1 a 3 de setembro de 2017. Cerca de 30 participantes provenientes de diferentes países europeus, México e Estados Unidos, participaram da reunião. 

Entre os apresentadores estavam Larry Evans, coordenador do Ministério Adventista Internacional Para Surdos; Taida Rivero e Bastian Bak, ambos filhos de pais surdos e envolvidos nesse ministério; Debora Infante, fisioterapeuta; Isabel Morais, psicóloga; e Elsa Cozzi, diretora dos Ministérios da Infância para a Região Intereuropeia. 

Esse tipo de treinamento ajuda os participantes, quase todos intérpretes em formação, a aprenderem sobre como melhorar o seu desempenho ao mesmo tempo em que desenvolvem a conscientização sobre certos aspectos da função. Isso incluiu evitar problemas de saúde que normalmente surgem em intérpretes da Linguagem de Sinais, bem como efeitos a nível psicológico, e compreensão de várias situações que às vezes se levantam quando não nos importamos,  e assim por diante.  

“O maior desafio que temos como facilitadores surdos começa em nós mesmos quando aceitamos trabalhar com e para a Igreja. Estamos diante do fato de que, através desta função, nos tornamos mais visíveis e, portanto, somos mais responsáveis pelo que dizemos e fazemos”, disse Claudia Dias, diretora da organizaçãoDeaf Portugal e coorganizadora das reuniões. Mas é somente depois que temos uma Igreja acessível que podemos pensar em entrar em contato com pessoas surdas e criar laços de confiança com elas. 

“O que realmente precisamos hoje é de um apoio para pessoas surdas nas igrejas”, revelou Taida Rivero. Isso significa que há necessidade de intérpretes para os surdos a fim de permitir que as centenas de pessoas surdas que vivem em nossas cidades encontrem um lugar onde possam “ouvir” uma mensagem e possam “dialogar” com outras pessoas. Mas também há necessidade de uma melhor conscientização sobre como se relacionar com pessoas que são “capazes de forma diferente”. 

“Ser receptivo a essas pessoas é uma das missões mais importantes que Jesus confiou à Igreja quando as mencionou em seu primeiro sermão em Nazaré e que demonstrou pelo contato constante com todos durante o Seu ministério”, explicou Corrado Cozzi, pessoa de ligação para os ministérios de surdos e necessidades especiais na região intereuropeia.

“Quando me uni a este 2º Curso de Treinamento de Intérpretes Para Surdos, não percebi que já sou parte de um movimento que acredito que é o poder do Espírito Santo atuando com aqueles que, por muito tempo, foram mal interpretados, mal percebidos, maltratados e “não considerados”: o surdo”, revelou Bastian Bak.  

“Um dos impulsos foi aprender que os surdos já progrediram muito em termos de inclusão, mas nossa Igreja parece não ser capaz de acompanhar a velocidade disso e da compaixão aos surdos”, continuou Bak. “Gostaria que este curso de treinamento continuasse com o resultado de que mais pessoas se envolvessem neste importante ministério, simplesmente porque é um privilégio aprender com os surdos e crescer no amor de Jesus”.

 

“Para alcançar um grupo de pessoas, as barreiras devem ser removidas sempre que possível”, reconheceu Evans. A linguagem é uma barreira que pode ser removida com treinamento. “Comunicar com os surdos é o primeiro passo para ouvir e aprender dos surdos”, continuou Evans. “As pessoas surdas têm muito a oferecer a esta Igreja se tiverem apenas uma oportunidade. Devemos pensar na possibilidade, e não no problema, no potencial, não na incapacidade”. Possível, antes que impossível! Os líderes devem adaptar uma maneira de pensar positivo, ‘Pode ser feito’. Não é de admirar que Ellen White, prolífica escritora americana, chama este ministério de “um teste de nosso caráter”. 

No final do curso de treinamento, os participantes expressaram satisfação com o trabalho realizado: “Conseguimos colocar situações em palavras, para torná-las claras”, explicou Marjorie Chanzy, pessoa de ligação junto aos surdos do sul da França. “Compartilhar recursos é reconfortante”.

Portugal é o primeiro país do território intereuropeu com uma jovem que é surda, Mariana Couto, liderando o Ministério de Surdos local. “Que este seja o exemplo de que este é o ministério para alcançar a comunidade surda de forma autônoma pelos próprios surdos, enquanto a Igreja se prepara para recebê-los”, expressou Dias. 

“O trabalho para surdos está se expandindo rapidamente em todo o mundo. Não é nenhum segredo que dos mais de 70 milhões (provavelmente mais perto de 200 milhões), apenas 2-4% são cristãos. Há duas necessidades urgentes para se enfrentar esse desafio de missão: mais intérpretes para os surdos e mais pastores que possam se comunicar com os surdos. Este evento de treinamento foi necessário como parte de um plano estratégico maior”, concluiu Evans. 

ADMI (Adventist Deaf Ministry International) na Europa (https://adventistdeaf.eu) é uma organização da Igreja Adventista do Sétimo dia.