CONGRESSO DE ARQUEOLOGIA BÍBLICA REDUZ DISTÂNCIA ENTRE LEIGOS E ESPECIALISTAS.

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CONGRESSO DE ARQUEOLOGIA BÍBLICA REDUZ DISTÂNCIA ENTRE LEIGOS E ESPECIALISTAS.

Reunião inédita reuniu pesquisadores principais de Israel, Estados Unidos e Brasil no Centro Universitário Adventista em São Paulo.

Nos últimos dois séculos, as descobertas arqueológicas despertaram interesse público na história da humanidade e na validade das Escrituras. 

As escavações arqueológicas na região da Terra Santa aumentaram no início do século 19 com financiamento europeu e o estabelecimento de centros avançados de estudo e pesquisa em Jerusalém. Jerusalém, Palestina e Jordânia foram as primeiras áreas a serem pesquisadas, entre 1865 e 1898. Foi somente depois de 1922, com o governo britânico na Palestina, que os arqueólogos buscavam especificamente artefatos para corroborar relatos bíblicos.

Precisamente neste contexto, uma das principais descobertas referentes à era bíblica, os Pergaminhos do Mar Morto, foi encontrada nas cavernas de Qumrán. O sítio arqueológico de Khirbet Qumrán, localizado a 35 quilômetros a leste de Jerusalém, abriga cerca de 930 fragmentos de manuscritos que datam de 250 aC a 100 dC. 

Os manuscritos são atualmente mantidos pelo Museu de Israel em Jerusalém. O curador desta coleção é Adolfo Roitman. Durante o Primeiro Congresso Internacional de Arqueologia realizado no campus da Universidade Adventista de São Paulo (UNASP) - Engenheiro Coelho, de 12 a 15 de outubro, Roitman apresentou detalhes e curiosidades dos pergaminhos encontrados em jarras de barro por um beduino enquanto cuidava de ovelhas.

“Estes manuscritos são judeus, encontrados pelos beduínos, arqueólogos e pesquisadores numa área muito inóspita. Representam o achado arqueológico mais importante da era cristã. Para o público em geral, os manuscritos bíblicos ganham muito significado. Em Qumrán, encontramos 230 cópias e fragmentos da Bíblia hebraica, com exceção do livro de Ester”, diz Roitman. “Trinta exemplares do livro de Isaías foram encontrados nas cavernas de Qumrán. Todas as cópias estavam completas e em bom estado de conservação”, ressalta. 

Roitman também afirma que há evidências consistentes para afirmar que a região do sítio arqueológico de Khirbet Qumrán pode ser considerada um pólo de produção literária no período anterior à Era Cristã, uma conclusão que justificaria a presença de fragmentos de manuscritos.

Coleção única

O Museu da Arqueologia Bíblica da UNASP possui a única coleção da área na América do Sul, com quase 2.500 artefatos de Israel e Canaã, além de civilizações sumérias, persas, babilônias, egípcias, gregas e romanas. Setenta unidades apresentando a cultura do antigo Oriente Médio, Mediterrâneo e Europa (antes da Idade Média) foram exibidas durante o congresso.

Uma das peças mais interessantes em exibição foi a réplica do sarcófago do faraó Tutankhamon, de 1.324 aC. Ele morreu ainda jovem depois de ter-se casado com uma meia-irmã aos oito anos de idade. Sua sepultura foi encontrada em 1922, e continha ainda peças de ouro, tecido, mobiliário, armas e textos sagrados. O sarcófago é decorado com ouro e os símbolos da realeza egípcia. 

O campus da UNASP-Engenheiro Coelho, em colaboração com o Instituto Moriá Center e a Universidade Hebraica de Jerusalém, acolheu o congresso não publicado de quatro dias. Mais de 900 pessoas participaram. Dori Goren,  cônsul israelense no Brasil, elogiou a iniciativa afirmando que é um marco para o Brasil e Israel. “Temos o privilégio de sediar este congresso histórico para essas duas nações em futuros intercâmbios de pesquisas acadêmicas e culturais”, enfatizou. 

Os arqueólogos Eli Shukron (Israel), Katia Cytryn-Silverman (Israel), David Sedaca (Estados Unidos), Rodrigo Silva (Brasil) e Jorge Fabro (Brasil) também participaram do evento.

Novos públicos

Para Ana Emilia e Ricardo Almeida, um casal de Guaratinguetá, no interior de São Paulo, a reunião foi memorável. “Viemos por causa do arqueólogo Rodrigo Silva. Ele é uma autoridade para os brasileiros e ter aulas com ele foi inesquecível. Temos um projeto social através de uma comunidade católica em nossa cidade e o conteúdo aqui aprendido nos ajudará a colaborar mais”, disse Almeida. 

Regina Alcântara viajou mais de quatro mil e quinhentos km com o seu marido, de Rondônia para Engenheiro Coelho, para participar da reunião. “Nunca imaginei haver tanto conhecimento num só lugar! Este congresso nos deu a oportunidade de entender a Bíblia de maneira mais ampla e detalhada”, diz ela.

O diretor do campus da UNASP-Engenheiro Coelho, Paulo Martini, diz que sediar o evento no campus foi uma honra. “É um grande privilégio para a instituição participar do Congresso de Arqueologia com os maiores arqueólogos do Brasil, discutindo um assunto tão importante e relevante quanto as Escrituras Sagradas”, ele afirmou.

Para Rodrigo Silva, curador do Museu de Arqueologia da UNASP e orador da rede de rádio e TV Novo Tempo, o evento foi histórico, não apenas para a UNASP e a Igreja Adventista, mas também para o Brasil. “É o primeiro Congresso de Arqueologia Bíblica; nenhum outro trouxe tantos arqueólogos israelenses a um só lugar para falar sobre Ciência, Arqueologia e a Bíblia”, festejou. Para Ariel Horovitz, organizador e diretor-geral do Instituto Moriá Center, o Congresso aspirava a alcançar novas audiências. “Foi uma oportunidade única para nós compartilhar uma ciência chamada Arqueologia e apresentar Israel a muitos”, concluiu.