Gregg Girard passou dois anos confinado a uma cadeira de rodas após sofrer um AVC em 2014. Então, um dia, ele apareceu na Clínica Hope.
“Até então, toda a minha fisioterapia e terapia ocupacional giravam em torno de me ensinar a entrar e sair da minha cadeira de rodas,” disse Girard. “Ninguém me ensinava a caminhar. Quando comecei na Clínica Hope, eu estava de cadeira de rodas e me perguntaram, ‘Por que você está de cadeira de rodas?’ Foi a primeira vez no mundo da terapia que alguém me deu essa esperança, essa permissão.”
Girard era um bem-sucedido administrador de imóveis de Orlando, Flórida, Estados Unidos, vivendo em Londres, Inglaterra, há 10 anos. Ele tinha 41 anos, estava fisicamente saudável e vivia bem. De volta brevemente aos EUA para obter um visto, acabou sofrendo uma hemorragia nos núcleos da base, um dos tipos mais graves de derrame, causado por hipertensão não controlada. Quando ele não apareceu em uma festa, seus amigos o procuraram e o encontraram no chão de sua casa.
Ele passou o mês seguinte em coma induzido medicamente, após a cirurgia para remover o hematoma, fonte da hemorragia em seu cérebro, e para colocar uma derivação para drenar o fluido. Ele acordou no hospital 40 dias depois sem lembranças e pouco entendimento sobre quão intensa foi a hemorragia cerebral que teve. Ele passou quatro meses se recuperando no hospital, foi liberado para sua casa em uma cadeira de rodas com ordens para terapia física e ocupacional, e seus pais se mudaram para sua casa em Orlando.
“Nunca me disseram que eu não voltaria a andar. Eles disseram aos meus pais, mas nunca me contaram porque não queriam me desanimar,” disse Girard.
Por meio de suas próprias pesquisas em casa, Girard conseguiu compreender o que havia acontecido consigo e como poderia melhorar seu funcionamento diário. Ele passou dois anos em sessões diárias de terapia ambulatorial, seguidas por períodos em casa deitado no sofá até a hora do jantar, ensinando-se lentamente a se locomover com a ajuda de um andador. Quando o seguro parou de cobrir suas sessões diárias de terapia, ele buscou opções particulares e acabou na Clínica Hope, uma clínica gratuita operada pela Universidade AdventHealth (UAH).
Nove anos depois, Girard está caminhando, trabalhando, dirigindo, morando sozinho e viajando. Ele continua a visitar a Clínica Hope para sessões de manutenção bimestrais para fortalecer sua mobilidade e função. Além disso, ele se tornou um dos 64 pacientes da Clínica Hope que participaram de um estudo de um ano, reconhecido nacionalmente, realizado em 2020 pela Clínica Hope e pela UAH.
Publicação Prestigiosa
O estudo, que demonstrou o impacto positivo da terapia ocupacional gratuita, semanal e de longo prazo em pacientes de baixa renda, foi publicado na edição de agosto do American Journal of Occupational Therapy.
“É um grande desafio publicar no American Journal of Occupational Therapy,” disse Milly Rodriguez, membro do corpo docente da UAH e diretora da Clínica Hope, além de coautora do estudo. “É um grande prestígio e traz um grande reconhecimento ao importante trabalho que estamos realizando na Clínica.”
A Clínica Hope, inaugurada em 2011, é uma clínica independente liderada por professores que oferece terapia ocupacional (TO) e fisioterapia (FT) gratuitas para crianças e adultos, como Girard, que precisam de tratamento mas não podem pagar ou não conseguem aprovação pelo seguro. Estudantes de TO e FT ajudam os pacientes sob a supervisão dos professores.
“Não há nada como a nossa clínica em todos os Estados Unidos,” disse Chia-Wei Fan, professor associado de terapia ocupacional na UAH e autor principal do estudo.
A importância do estudo é a descoberta de que a terapia de longo prazo em clínicas pro bono pode melhorar o desempenho ocupacional dos clientes.
"Este estudo abordou as disparidades de saúde de forma única e eficaz", afirma o artigo da revista. "Utilizando medidas objetivas de mobilidade funcional e autocuidado, o estudo fornece evidências sólidas do impacto da clínica dirigida pela faculdade na prestação de serviços eficazes de terapia ocupacional centrada no cliente para comunidades desatendidas e sem seguro médico."
O estudo foi financiado pelo programa de Bolsas de Pesquisa para Professores da UAH em 2018, que forneceu 6.000 dólares americanos. Os fundos foram utilizados para comprar softwares de pesquisa e pagar uma assistente de pesquisa, Kathryn Drumheller, a segunda autora do estudo, que agora é terapeuta de equipe em Orange City, Flórida.
Estudo Chave Fornece Dados
Embora a ideia de que qualquer paciente possa melhorar após um ano de terapia ocupacional pareça totalmente plausível, nenhum estudo havia demonstrado isso oficialmente até então.
“Precisávamos ser capazes de mostrar que o impacto é real”, disse Rodriguez. “Trabalhar com um terapeuta ocupacional tem um bom impacto na qualidade de vida dos pacientes. Teorizamos que isso era verdade, mas agora temos os dados para nos apoiar.”
Freqüentemente, as companhias de seguros médicos aprovam um máximo de seis semanas de terapia após uma intervenção cirúrgica, hospitalização, acidente ou doença, como um derrame cerebral ou um episódio cardíaco. Quando o número de visitas aprovadas termina, os pacientes geralmente recebem instruções sobre atividades e movimentos para fazer em casa.
“Com condições crônicas, este estudo demonstra um benefício em fornecer períodos mais longos de terapia por mais tempo,” disse Christine Moghimi, presidente do Departamento de Terapia Ocupacional da UAH e decana de liderança acadêmica. “Os pacientes não necessariamente estagnam em seis semanas. Este estudo mostra que os pacientes podem continuar apresentando melhorias. Mesmo três ou quatro anos após um AVC, a terapia ainda pode ter um impacto significativo.”
"Isto pode até abrir a porta para a ideia de retornar à terapia mais tarde na vida", disse Moghimi.
Nem todos os pacientes se beneficiarão da terapia ocupacional de longo prazo, mas a definição de objetivos e avaliações podem ajudar a determinar quais pacientes ainda não atingiram seu potencial máximo, disse Rodriguez.
O estudo, apresentado na Conferência Anual deste ano da Associação Americana de Terapia Ocupacional, foi destaque na série do YouTube Authors & Issues da revista, com o conteúdo gratuito e disponível para download por outros profissionais de saúde e pesquisadores.
Para os pacientes de risco, este estudo é algo mais do que números. É uma prova adicional de que, se existe uma forma de se curar, os pacientes geralmente prosperam, afirmam os autores.
"Poder acessar esse tipo de atendimento lhes dá esperança", afirma Moghimi. "Essa população desatendida está muito motivada para se sair bem e é extremamente grata por existir algo assim".
Para Girard, a Clínica Hope é exatamente o que o nome indica. "Eu gostaria que houvesse mais lugares como a Clínica Hope. Ter um lugar como a Clínica Hope é simplesmente incrível".
A versão original desta história foi publicada no site da União do Sul, Southern Tidings.