Na maioria das noites, o doutor e professor de física da Universidade Southern, Kenneth Caviness (turma de 1982), e sua esposa, Claryce, sentam-se confortavelmente na sala de estar para ler livros sobre genética e filosofia cristã. Todo mês, sua busca por conhecimento se amplia para incluir colegas e amigos em uma sala de conferências no campus da Southern, onde o corpo docente se reúne para o Debate entre Fé e Ciência. A análise do contexto histórico e dos estudos mais recentes sobre esses temas ajuda os professores a consolidarem sua própria fé e a explicarem mais claramente aos alunos as complexidades que surgem na interseção entre essas duas disciplinas acadêmicas fundamentais.
Décadas de Debate
Por quase 20 anos, professores do Centro de Ciências Hickman e da Faculdade de Religião, vindos de diversas áreas científicas e teológicas, têm debatido livros e artigos sobre criação, origens e questões de cosmovisão de interesse comum.
"Com a participação de especialistas em biologia, física, química, informática e religião, é uma colaboração enriquecedora reunir-se para compartilhar conhecimentos e perspectivas", afirma Greg King (turma de 1981), doutor, decano da Faculdade de Religião e fundador do Debate entre Fé e Ciência. "Juntos, comprometemo-nos a compreender melhor a criação e os propósitos de Deus."
Respondendo a um Chamado
Em 2010, a Universidade Southern reafirmou sua posição sobre a criação e a origem da vida, após a Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia publicar uma declaração pedindo que todas as instituições adventistas defendessem o relato bíblico da criação em seis dias. Para King, o grupo de debate representa uma resposta ativa a essa diretriz.
Os materiais de estudo do grupo incluem desde autores conservadores, como Nancy Pearcey e Don DeYoung, até pensadores como Michael Behe e Lee Strobel, que abordam tanto perspectivas bíblicas quanto evolucionistas. Durante o Fim de Semana das Origens, evento anual do Departamento de Biologia e Ciências da Saúde, um dos autores estudados geralmente é convidado para palestrar, criando a oportunidade para que os alunos participem desses debates críticos.
As prateleiras do escritório do professor de Química Mitch Menzmer estão repletas de artigos impressos de anos de participação no grupo. "Quero ter uma compreensão sólida do que a Bíblia ensina e do que encontramos na natureza. Como cientista, estou mais exposto ao pensamento e às ideias científicas, então faço perguntas diferentes das de um teólogo", explica. "Durante nossas reuniões, analisamos cada publicação de forma metódica, investigando, criticando e comparando ideias com a visão da nossa igreja." Entre os debates favoritos de Menzmer estão aqueles sobre termodinâmica e a origem da vida a partir da matéria inanimada.
Colegas e Amigos
Além das reuniões mensais, os participantes do grupo de debate têm a oportunidade de interagir com frequência fora de suas áreas acadêmicas, conectando-se com outros professores e administradores da Southern. "Nossos debates fortalecem os laços dentro do campus. Há um simbolismo em nos reunirmos e reconhecermos o que temos em comum", destaca Stephen Bauer, doutor e professor de Teologia na Faculdade de Religião. Durante os encontros, os membros desafiam pressupostos, compartilham descobertas científicas recentes e até corrigem uns aos outros nas traduções de textos bíblicos hebraicos. "É um ambiente extremamente respeitoso e acadêmico", acrescenta.
Além da Sala de Conferências
"Quando abordamos temas desafiadores em sala de aula, os alunos trazem perguntas. Queremos estar preparados para responder com inteligência sobre qualquer assunto relacionado", diz Menzmer. "Precisamos entender quem acredita no quê e por quê, além das razões que nos levam a sustentar certas posições como adventistas. Esse é o quadro geral."
Os professores também se mantêm atualizados sobre diferentes linhas de pensamento dentro de suas áreas e compartilham suas reflexões com outros fora do campus. Caviness, por exemplo, já apresentou as ideias discutidas no grupo em diversos países. "Tudo começou com um artigo para uma conferência, e isso levou a outras oportunidades. Agora, tenho 10 apresentações diferentes que já utilizei no sul da Índia, na Ucrânia, na Argentina, na Alemanha e aqui nos Estados Unidos", conta. "Deus colocou em meu coração o desejo de mostrar que ciência e religião não estão em conflito. Na verdade, a ciência é um ato de adoração. Estudamos a ciência porque ficamos maravilhados com a criação de Deus."
King resume: "Que privilégio é trabalhar e ensinar ao lado de colegas que reconhecem Deus como Criador. Essa crença nos une como comunidade e nos permite aprender mais uns com os outros, valorizando os conhecimentos de diversas disciplinas."
A versão original deste artigo foi publicada no site da Universidade Adventista Southern.