Depois de receber a habilitação para realizar transplantes de fígado em maio deste ano, o Hospital Adventista do Pênfigo (HAP) realizou o procedimento pela primeira vez. No dia 23 de julho, João Marcos, de 60 anos, foi o primeiro paciente a receber o órgão em cirurgia realizada no estado de Mato Grosso do Sul. O feito histórico é resultado de três anos de espera e muito preparo interno para que os procedimentos pudessem ser realizados na instituição adventista.
O primeiro paciente transplantado é natural de Ponta Porã, no oeste do Estado. O homem fazia acompanhamento no HAP há um ano. Nesse período ele descobriu que precisaria fazer o transplante por conta de um quadro de cirrose hepática.
Antes da cirurgia, o aposentado falou da expectativa do transplante e elogiou o profissionalismo da equipe que o atendeu desde o primeiro momento. “Eu tive a sorte de ter essa oportunidade. Tive sorte de cair nas mãos de pessoas profissionais. O sorriso de cada um é o que passa confiança para a gente”, afirma.
Para o doutor Gustavo Rapassi, chefe da equipe médica responsável por realizar o transplante, o procedimento ocorreu dentro do esperado. O médico declarou que o paciente está bem e se recuperando cada vez mais e que, em breve, João deve evoluir para alta hospitalar.
O diretor geral do HAP, Everton Martin, comemorou o resultado do transplante. “É uma conquista e ao mesmo tempo uma realização. Mas o que nos deixa mais felizes é sabermos que poderemos ser instrumentos de transformação na vida dessas pessoas".
Barreiras Vencidas e Novos Desafios
Até então, os pacientes com indicação de transplantes eram atendidos e acolhidos pela equipe médica do HAP mas precisavam ser transferidos para Sorocaba, no interior de São Paulo, já que não havia nenhum hospital credenciado para realizar os procedimentos em Mato Grosso do Sul.
A jornada em busca de uma nova chance fazia com que a sobrevida dos candidatos fosse afetada dada a fragilidade da saúde de quem possui deficiências hepáticas. “Muitos pacientes acabavam morrendo no caminho por não aguentarem a viagem até Sorocaba, por isso a importância de tratá-los aqui em Campo Grande”, declarou Rapassi.
Ainda segundo o doutor Gustavo Rapassi, a fila de espera para novos procedimentos conta com 30 candidatos. A maior dificuldade, no entanto, é conscientizar a população com relação a importância da doação de órgãos.
É o que confirma a Coordenadora da Central Estadual de Transplantes de Mato Grosso do Sul, Claire Miozzo: “Não existe transplante sem um doador. Então um dos nossos grandes desafios é aumentar o número de doadores de órgãos e tecidos em nosso estado”.
A versão original deste artigo foi publicada pelo site de notícias da Divisão Sul-Americana em português.