Como todos os anos, no dia 27 de janeiro, data que marca a libertação de Auschwitz-Birkenau — o infame campo de concentração e extermínio nazista (1940-1945) —, as solenidades do Dia Internacional da Memória do Holocausto foram realizadas em Varsóvia, no monumento aos Heróis do Gueto de Varsóvia.
Uma delegação da Igreja Adventista do Sétimo Dia na Polônia, representada pelo presidente da União Polonesa (UP), Jarosław Dzięgielewski, e pelo diretor de Relações Públicas e Liberdade Religiosa, Andrzej Siciński, participou mais uma vez da cerimônia.
A programação contou com apresentações artísticas e discursos solenes, seguidos por orações conduzidas por líderes convidados de diversas denominações religiosas, incluindo judeus, católicos, evangélicos, ortodoxos e adventistas.
Na ocasião, Andrzej Siciński fez a seguinte oração:
Senhor Deus,
Teu claro mandamento – “Não matarás” – foi violado mais de um milhão de vezes em Auschwitz-Birkenau. Diante de nossos olhos, a história parece se repetir, embora ainda não de forma tão trágica.
Por isso, pedimos a Ti, Deus, que nos concedas coragem para dizer NÃO quando formos pressionados a tratar outras pessoas como inferiores. Que nos impulsiones a dizer NÃO quando nos disserem que a violência é uma necessidade.
Deus, lamentamos nossa passividade quando deveríamos ter reagido. Pedimos perdão por nossa indiferença diante de acontecimentos tão terríveis, por termos permitido que o horror nos anestesiasse e por nos preocuparmos muitas vezes mais com a paz do que com a verdade.
Obrigado, Deus, por estares conosco e, apesar de nossas fraquezas, nunca nos abandonares. Sem Ti e sem a Tua revelação em Tua Palavra, provavelmente já teríamos nos afundado no ódio – uns contra os outros, nação contra nação. Mas Tu és amor e misericórdia. És nossa paz e a esperança de paz no mundo.
Por isso, Te agradecemos, Deus, pela paz que acaba de ser estabelecida em Israel após meses de conflito.
E, assim, também Te pedimos, Senhor, que faças cessar o quanto antes os outros conflitos sangrentos que assolam o mundo. Inspira os corações dos líderes mundiais para que isso aconteça. Cremos em Tua onipotência.
Pedimos que consoles em Teu coração todos os que sofreram com esses conflitos, todos os que perderam seus entes queridos. Nossos pensamentos estão especialmente com os descendentes daqueles que pereceram no Holocausto. Essa ferida ainda não cicatrizou.
E àqueles, Senhor, que foram privados da vida apenas por serem diferentes – considerados, aos olhos de outros, inferiores, indignos de viver – restaura, ó Deus, a justiça eterna em Teu juízo final, que virá em breve. Seu sangue derramado clama a Ti desde esta terra por um julgamento justo.
Ouve nossa oração. Amém.
Após as orações, representantes de diversos órgãos, instituições e organizações depositaram coroas de flores no monumento em homenagem às vítimas do Holocausto.

"É terrível que, às vésperas do 80º aniversário da libertação do campo de Auschwitz-Birkenau, na Alemanha, ainda se ouçam apelos para que deixemos de pedir perdão pelos crimes das gerações anteriores", afirmou Siciński.
"E isso em um momento em que o mundo, mais uma vez, revive a ideia de que, para se tornar grande, basta tirar algo de outro. E, para fazê-lo, é preciso primeiro convencer o público a enxergar os outros como pessoas de segunda classe. Por isso, queremos lembrar esses eventos terríveis, mas também reafirmar que todo ser humano, independentemente de raça, cor ou origem, é digno de respeito como filho de Deus."
Segundo Siciński, a melhor forma de honrar a memória das vítimas do Holocausto é resistir com coragem a qualquer ideologia que pregue a violência contra outras pessoas como meio para alcançar seus objetivos.
"Quando a humanidade esquece essa lição, tragédias terríveis voltam a acontecer no mundo", concluiu.
A versão original deste artigo foi publicada no site da União Polonesa.